Web Summit

Crescente associação do sexo à tecnologia pode "desconectar" a sociedade em 2050

No ano de 2050 teremos uma sociedade "desconectada" caso se mantenha a tendência da crescente associação do sexo à tecnologia, o que tem provocado uma visão desumanizada do sexo, defendeu hoje na Web Summit uma especialista em Ética Robótica.

Pedro Nunes

"Se isto continuar, em 2050 teremos uma sociedade desconectada, as pessoas não vão conseguir encetar relações íntimas com outros seres humanos e teremos um mundo organizado em torna da masturbação e da violação", estimou Kathleen Richardson, professora na Universidade De Montfort, no Reino Unido.

Nascida em 1972, ano em que estreou o "Garganta Funda", primeiro filme pornográfico a ser exibido nos cinemas, Kathleen Richardson criticou o facto de as pessoas "serem encorajadas a criar laços com objetos inanimados", o que tem constribuído para "distorcer a nossa personalidade" de forma profunda.

"Não se pode alienar o sexo de um ser humano e vendê-lo a alguém comercialmente", referiu a professora em Cultura e Ética Robótica e Inteligência Artificial, notando que, de acordo com dados empíricos, as novas tendências "não estão a fazer com que as pessoas gostem mais de sexo agora do que gostavam antes".

Do outro lado da discussão, na conferência "O que vem a seguir para a tecnologia da pornografia e do sexo", estava Dinorah Hernandez, diretora e gestora de conteúdos do BaDoinkVR, "site" com conteúdos pornográficos em realidade virtual, que defendeu que a pornografia ensina os casais a serem melhores amantes.

"A pornografia com recurso à realidade virtual é mais imersiva, é muito diferente da pornografia clássico, quem está a assistir deixa de ser apenas o espetador e passa a ser o herói da cena", sublinhou, acrescentando que se trata de algo "muito difícil de explicar às pessoas".

Ao contrário da supremacia masculina que antes dominava a pornografia, Dinorah Hernandez disse que, nos últimos anos, as mulheres "começaram a ganhar cada vez mais poder e dominam toda a ação".

O próximo passo nas produções de entretenimento para adultos em realidade virtual será a tentativa de integração de aromas e do toque, acrescentou.

A conferência de tecnologia e empreendedorismo Web Summit decorre até quinta-feira, no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.

Segundo a organização, nesta segunda edição do evento em Portugal, participam 59.115 pessoas de 170 países, entre os quais mais de 1.200 oradores, duas mil startups, 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.

Lusa

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