Violência em Moçambique

Polícia usa gás lacrimogéneo para dispersar manifestação no centro de Maputo

A manifestação foi convocada pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique, da oposição, como contestação aos resultados das eleições gerais de 9 de outubro.

Siphiwe Sibeko

Lusa

A polícia moçambicana travou esta segunda-feira, no centro de Maputo, uma manifestação com poucas dezenas de pessoas em protesto contra os resultados das eleições gerais de 9 de outubro, lançando gás lacrimogéneo para dispersar.

A marcha tinha sido convocada pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), que apoia a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, e ao fim de algumas centenas de metros, na avenida Mao Tse-Tung, elementos da polícia tentaram demover os manifestantes, que tentavam chegar à estátua de Eduardo Mondlane, na avenida com o mesmo nome.

Sem a presença visível de qualquer dirigente do Podemos, os manifestantes mantinham a intenção de marchar, pacificamente, empunhando pequenos cartazes de contestação aos resultados. A polícia acabou por fazer vários disparos de gás lacrimogéneo para dispersar os protestantes por volta das 10:50 locais (08:50 em Lisboa).

Com moradores na envolvente a atirarem pedras e outros objetos para o local, em protesto contra a ação da polícia, o grupo acabou por se separar, mas pouco depois, na avenida Eduardo Mondlane, uma parte dessas pessoas, que se concentrou no local, voltou a ser dispersada com novos lançamentos de gás lacrimogéneo.

Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral e manifestações durante uma semana em Moçambique, a partir de 31 de outubro, e marchas em Maputo a 7 de novembro.

O candidato presidencial designou esta como a terceira etapa da contestação aos resultados das eleições gerais de 9 de outubro, que se segue aos protestos realizados nos passados dias 21, 24 e 25 de outubro. Tais protestos provocaram confrontos com a polícia que resultaram em pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.

O CIP e o CDD -- Centro para a Democracia e Direitos Humanos estimam que nos confrontos dos últimos dias morreram pelo menos nove pessoas nas províncias de Nampula e Zambézia em confrontos com a polícia no contexto dos protestos pós-eleitorais.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975), na eleição a Presidente da República de 9 de outubro, com 70,67% dos votos.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos, extraparlamentar, ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

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