O Presidente moçambicano fez esta segunda-feira um novo apelo a Mariano Nhongo, líder de um grupo dissidente de ex-guerrilheiros no centro do país, para que se entregue, prometendo-lhe integração no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).
"Outro apelo [faço] ao Nhongo: que não fique também à espera para que algo de estranho lhe aconteça. Isso seria a maior desgraça para nós", referiu Filipe Nyusi, num discurso em que apelou igualmente à rendição de moçambicanos que alinharam com insurgentes em Cabo Delgado.
É que, tanto num caso como noutro, as fugas, em vez da entrega das armas, encerram em si o risco de perseguição pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), referiu.
O chefe de Estado falava num discurso durante as cerimónias do Dia da Paz, que hoje se assinala em Moçambique, feriado alusivo à assinatura do Acordo Geral de Paz, em 1992, entre o governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Na ocasião, descreveu um episódio de perseguição a Nhongo, no dia 28 de setembro, em Inhaminga, em que o líder de ex-guerrilheiros foi "corrido de um lado para outro, até se esquecer do casaco".
"Tem de ser entregar. Faz o DDR [processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração] e organiza a sua vida", referiu Nyusi, assinalando que pode escolher em que local do país pretende retomar a sua vida.
O grupo de Mariano Nhongo discorda dos termos do processo de DDR decorrente do acordo de paz assinado em agosto de 2019 entre Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e Governo.
Aos antigos guerrilheiros, agora dissidentes do maior partido da oposição, é desde então atribuída a autoria de vários ataques armados contra alvos civis e das FDS, matando cerca de 30 pessoas.
No âmbito do DDR, 2.307 ex-combatentes da Renamo já foram para casa, de uma meta de cerca de cinco mil antigos guerrilheiros.
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