O vice-almirante Gouveia e Melo disse, esta quinta-feira, na Edição da Noite da SIC Notícias, que é expectável que no final de setembro 85% da população esteja totalmente vacinada contra a covid-19. Apontou para a vacinação de 150 mil jovens no fim de semana e reafirmou que está focado no presente.
"A previsão é atingirmos os 85% entre a terceira semana e a quarta semana de setembro. O ritmo depende de muitas coisas", disse o responsável, acrescentando que é preciso que a "população colabore".
"As férias vieram ter algum impacto no ritmo de vacinação", afirmou também Henrique Gouveia e Melo.
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Questionado sobre o trabalho da task force depois de atingida a meta de 85% da população vacinada, o responsável foi cauteloso: "Não sou eu que determino o que faço ou deixo de fazer. É o poder político e as forças armadas".
"Eu gosto de ser focado e não gosto de me preocupar demasiado com o futuro", acrescentou.
Sobre os insultos com que foi recebido em visita a um centro de vacinação, no fim de semana passado, Gouveia e Melo reiterou, na Edição da Noite:
"As pessoas têm direito a manifestar-se. Não têm é direito a manifestar-se de forma agressiva, insultuosa, a tentar impedir o acesso ao centro de vacinação. Isso é coação, não é democracia. Ninguém é obrigado a vacinar-se. O processo é livre".
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Imunidade de grupo
"Há muitas dúvidas sobre se se atinge ou não a imunidade de grupo. Como militar tenho um princípio muito simples: atingindo ou não a imunidade de grupo, todo o espaço de manobra que conseguirmos retirar ao inimigo, que é vírus, devemo-lo retirar", disse na SIC Notícias.
Se a imunidade de grupo não for atingida, terão de ser pensadas outras estratégias, acrescentou.
Terceira dose
Em entrevista à SIC Notícias, o vice-almirante garantiu que Portugal tem doses suficientes para fazer um possível reforço da vacina contra a covid-19:
"Estou completamente convencido que o próprio Ministério da Saúde poderá fazer esse processo de forma tranquila".
No entanto, reafirmou que está focado no presente.
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Vacinação de jovens
Henrique Gouveia e Melo adiantou que cerca de 150 mil jovens agendaram a vacinação para os dois fins de semana, num universo de 400 mil:
"O processo é muito afetado pelo período de férias. Temos que compreender isso. Os portugueses também já estavam um bocado cansados da pandemia".
"Os jovens têm plena consciência da importância da vacinação", disse.
O responsável reitera a eficácia das vacinas contra a covid-19: "Se alguém tem dúvidas sobre o processo de vacinação, é olhar para o que aconteceu à faixa mais idosa. De repente foi protegida. Seriam muito mais mortes se não estivesse protegida".
Doação de vacinas
Henrique Gouveia e Melo adiantou que Portugal já enviou cerca de 200 mil doses de vacinas para outros países e que, esta semana e na próxima, vai enviar mais 300 mil, essencialmente para "São Tomé e Príncipe e Angola".
"Temos doses que se vão acumulando e, não sendo necessárias ao plano nacional, não faz sentido estarem num armazém", disse.
Vacinação suspensa no Queimódromo do Porto
O responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19 referiu que se sabe, "em linhas muito genéricas", o que se passou. No entanto, salientou que estão a decorrer inquéritos e investigações "com alguma urgência".
"Queremos ter a certeza que não voltamos a falhar", disse, afastando a hipótese de atrasos nas metas de vacinação na região do Porto.
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