O Governo aprova esta quinta-feira em Conselho de Ministros (CM) o diploma que enquadra o processo de privatização da TAP, numa altura em que se começam a perfilar interessados.
O economista e comentador da SIC João Duque explica como se processa o negócio e os valores que estão em causa.
“É a expectativa de todos os portugueses [que o Estado recupere ao máximo o montante que injetou na TAP]. Somos acionistas totais da TAP e a empresa vai ser vendida por 3200 milhões.
Depois, sublinha João Duque, ainda há o passivo da TAP SGPS - dona da Portugália e da empresa de transporte de bagagens Groundforce.
"O que vai ser vendido é a TAP, é uma "filha" da empresa-mãe que é a TAP SGPS. Quando a "filha" for vendida, ficamos com a TAP SGPS ainda na posse do Estado português e essa tem muita dívida - estima-se mais ou menos 1000 milhões de euros".
Privatização total ou não?
Uma das respostas que poderá sair do Conselho de Ministros de hoje é a percentagem do que vai ser vendido, se vai ser uma privatização total ou não.
“Se eu estivesse no Governo, votaria por um texto mais ou menos desta natureza: vender a participação até ao limite da sua totalidade. (…) Porque neste momento estar a fechar já a percentagem eu acho que pode ser um bocadinho extemporâneo”.
A importância estratégica da empresa
Marcelo Rebelo de Sousa tem dito que é importante manter a importância estratégica da empresa no país. Para que tal seja possível, João Duque diz que é preciso meter nas cláusulas de negociação, condições que fazem reverter o negócio se não forem com garantidas determinadas ações, movimentos, etc..
“Se bem que, do meu ponto de vista, nunca tenha sido demonstrado o interesse estratégico, porque se olharmos, por exemplo, para o território nacional e vermos a forma como a TAP está em Lisboa ou a TAP está em Faro ou a TAP está no Porto, percebemos que este ‘interesse nacional’, no fundo é um interesse regional porque o Porto ou Faro não são tratados da mesma maneira que é tratada Lisboa”.
“Portanto, esse interesse estratégico nacional, a meu ver, é duvidoso”.