O coordenador do PS na Comissão de Inquérito à TAP justificou a saída daquele órgão parlamentar com a necessidade de acabar com o que classificou de "clima de suspeição". Em causa está a manchete desta sexta-feira do Correio da Manhã, que dá conta de um perdão de dívida da CGD a Carlos Pereira. Ao final da manhã, já depois do anúncio feito pelo socialista, António Costa reagiu, sublinhando que o importante é que a comissão apure “toda a verdade”.
“Se há uma comissão é importante que ela desenvolva a sua atividade. Aguardemos serenamente pelas conclusões porque é assim que uma democracia madura funciona. Os Governos governam, os presidentes presidem, a Assembleia [da República] legisla e fiscaliza, designadamente através das comissões parlamentares de inquérito e (…) o que desejo é que apure toda a verdade e que se retirem as consequências que se tiverem a retirar", disse.
Negando que o afastamento do deputado Carlos Pereira fragilize o PS, António Costa foi também questionado sobre a reunião preparatória entre deputados do Grupo Parlamentar do PS, membros do Governo e a ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, esclarecendo que “não” sabia. Ainda assim, o chefe do Executivo desvaloriza a polémica gerada.
Recordando o tempo em que foi “responsável pelos Assuntos Parlamentares", António Costa disse que “era muito frequente haver reuniões de preparação das audições”. Mais, disse, “cada órgão de soberania deve exercer as suas competências próprias”, e pelo que soube através da comunicação social ”essa reunião não teve a ver com a Comissão de Inquérito", tratou-se de uma “audição parlamentar normal”.
“Governo não deve interferir no dia a dia das empresas”
O primeiro-ministro foi também questionado sobre o novo CEO da TAP, que assumiu funções esta sexta-feira, esclarecendo que também o relacionamento do Estado acionista com as empresas devem centrar-se “num conjunto de princípios fundamentais”, desde logo que “não confundimos empresas públicas com empresas políticas”.
"As empresas públicas são tituladas pelo Estado mas têm de ter uma gestão empresarial que deve ser assegurada pelas respetivas administrações. O que compete ao Estado enquanto acionista, que fala através do Governo, é fixar orientações estratégias, aprovar planos de atividade, avaliar a execução e trabalho das empresas. (…) O Governo não deve interferir no dia a dia das empresas”, concluiu António Costa.
Estas declarações do primeiro-ministro foram proferidas aos jornalistas à margem da assinatura do protocolo de colaboração com a Fundação Repsol - Projeto Motor Verde +Floresta, no Salão Nobre do Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, Tapada da Ajuda, Lisboa.