TAP: o futuro e as polémicas

"A TAP está-se a tornar uma grande bomba política"

À luz do comunicado do primeiro-ministro sobre Hugo Mendes e das declarações do Presidente da República que avisou para o desgaste institucional deste Executivo, o jornalista da SIC Bernardo Ferrão analisa a circunstância política atual.

Bernardo Ferrão

SIC Notícias

O jornalista da SIC Bernardo Ferrão analisou os comentários do Presidente da República sobre as mais recentes polémicas que envolvem a TAP e o executivo e considerou que Marcelo se está a aproximar do “cartão vermelho” para o Governo.

"O problema é quantos puxões de orelha é que terá de dar Marcelo ao Governo para regressar alguma normalidade? Se nos lembrarmos das ultimas intervenções do Presidente têm sido muito críticas de algumas atuações do governo", disse.

Esta tarde, o Presidente da República referiu que não ia dissolver a Assembleia da República pelo período de crise que se vive e, também, por não haver alternativas políticas. No entanto, frisou que o Governo tem de governar “mais e melhor”, sem desgaste institucional.

Para Bernardo Ferrão, estas declarações de Marcelo demonstram que a tolerância do Presidente se está a esgotar.

"De cartão amarelo em cartão amarelo, quando virá o vermelho? No futebol é o segundo, mas aqui ainda não parece, apesar de parecer já um cartão bastante amarelado que o Presidente da República está a dar ao Governo e que tem de evitar situações de enorme desgaste", esclareceu.

Para Bernardo Ferrão, o Governo “olha para o Presidente da República como espécie de joguete que pode ser usado a favor ou contra” o Executivo de António Costa.

“Tudo isto deve ser encarado como um novo aviso de Marcelo e as coisas começam a complicar-se muito do ponto de vista da estabilidade política. Começa a ter uns tempos quase irrespiráveis para António Costa”, comentou.

No que diz respeito às referências do Presidente à oposição, este clarificou que os partidos à direita não estão preparados para ser alternativa futura. Para Bernardo Ferrão, essa alternativa é essencial para o cartão vermelho de Marcelo.

“Há uma coisa essencial para o Presidente da República dissolver: tem de haver alternativa e neste momento nas sondagens, e aquilo que Marcelo sente, é que não há essa alternativa, o seu próprio papel como Presidente seria posto em causa se dissolvesse e os portugueses lhe dessem uma resposta igual à que têm neste momento”, elucidou o jornalista.

Conforme analisa Bernardo Ferrão, existe outra questão impeditiva para dissolver o Parlamento: o perigo de colocar o Chega à frente do PSD, com eleições europeias em breve, onde Luís Montenegro terá uma “prova de fogo” sobre o seu futuro na liderança do PSD.

Tendo todo este panorama ciente, mais o facto de faltarem comissões de inquérito que podem trazer novas revelações, como a de Manuel Beja, ex-chairman da companhia aérea, “a TAP está-se a tornar uma grande bomba política”, segundo o jornalista da SIC.

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