TAP: o futuro e as polémicas

"Abençoada comissão": a "partidarite doentia" e os "tiques de maioria absoluta" na TAP

José Gomes Ferreira tem apenas uma palavra para caracterizar a comissão de inquérito sobre a TAP: "Abençoada". Desta forma é possível perceber-se "como é que o poder político se relaciona com uma grande empresa", "como são feitas as interferências" e "como é que os políticos ousam meter-se onde não deviam de todo".

José Gomes Ferreira

SIC Notícias

A CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, foi ouvida na terça-feira em comissão de inquérito, que para José Gomes Ferreira foi uma "abençoada comissão de inquérito".

Através desta foi possível começar a “perceber-se como é que o poder político se relaciona com uma grande empresa, que esta num mercado altamente competitivo, como são feitas as interferências e como é que os políticos ousam meter-se onde não deviam de todo”, considera.

Quando Ourmières-Widener foi interrogada se havia interferências na sua gestão, respondeu: “Sim, permanentes”. E para além disso explicou que tinha de estar sempre a atender de um lado ou de outro quem interferia, recorda José Gomes Ferreira.

Para além desta situação, Gomes Ferreira enumera ainda três casos concretos: a história do pedido de alteração de um voo de Moçambique para Portugal, que “é gravíssima”; a reunião um dia antes da primeira audição da CEO da TAP; e a conversa com Fernando Medida para tentar que Christine Ourmières-Widener se demitisse.

José Gomes Ferreira defende que têm de ser retiradas consequências políticas e que os atores “têm de perceber o seu posicionamento” na TAP. No limite, António Costa tem de dar explicações, mas cada um deles - Fernando Medina e João Galamba - também têm de dar, diz.

No entanto, se se descer um pouco mais na escala hierárquica chega-se a outra conclusão: todo o conselho de administração soube da decisão de pedir a Alexandra Reis de se ir embora e assinar um contrato de rescisão com uma clausula indemnizatória de 500.000 euros - “Christine Ourmières-Widener veio dizer [isso] aos portugueses”.

“'Todo o conselho de administração' significa que quem ainda lá está, que é Gonçalo Pires, que é só o administrador financeiro nomeado e da confiança do Ministério das Finanças sabia perfeitamente”, e isto revela um Estado gerido com uma "partidarite doentia" e uns “tiques de maioria absoluta insustentáveis”.

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