Perguntas e Respostas

XBB.1.5: o que se sabe sobre a nova subvariante da covid-19?

Já foi identificada em cerca de 30 países e há quem defenda ser a "subvariante mais transmissível detetada até agora".

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Mariana Teófilo da Cruz

Chama-se XBB.1.5, já foi identificada em cerca de 30 países, trata-se de uma nova subvariante da variante da Ómicron do SARS-CoV-2, que resulta de uma recombinação das sublinhagens da BA.2 e, segundo uma responsável da Organização Mundial da Saúde (OMS), "é a subvariante mais transmissível detetada até agora".

Mas, afinal, o que precisa de saber sobre esta nova subvariante?

Desde que apareceu o novo coronavírus já foram identificadas algumas variantes do vírus, como a Alpha, Beta, Gamma e Delta. A última que surgiu foi a Ómicron, que acabou por se tornar dominante e, inclusive, foram desenvolvidas vacinas adaptadas. Dentro das várias variantes foram também aparecendo diversas subvariantes, por norma mais transmissíveis que as anteriores, mas não mais perigosas.

A XBB.1.5 é a mais recente “descendente” da Ómicron. Trata-se do desdobramento da subvariante XBB, detetada pela primeira vez em outubro, que é uma combinação de duas outras subvariantes da Ómicron.

Uma epidemiologista da OMS já considerou esta nova subvariante como a "mais transmissível detetada até agora". Maria Van Kerkhove justifica a rápida propagação com as mutações que esta subvariante já sofreu, o que lhe permite entrar nas células e replicar-se com maior facilidade.

Qual a probabilidade da XBB.1.5 ser mais infecciosa do que as subvariantes anteriores?

A XBB.1.5 é uma evolução da XBB, que terá começado a circular em outubro de 2022, mas que não foi considerada como uma "variante de preocupação" pelas autoridades de saúde.

Segundo a BBC, a XBB.1.5 tem uma mutação conhecida como F486P, que restabelece a capacidade de se ligar às células, que a XBB não tinha, o que faz com que se propague mais rapidamente.

Os especialistas da OMS confirmaram também que a XBB.1.5 tem uma "vantagem de crescimento" acima de todas as outras subvariantes identificadas até agora, ainda assim não há evidências de que seja mais grave.

Por todo o mundo são esperadas novas vagas de covid-19, mas a OMS acredita que não se vão traduzir em novas ondas de mortalidade. Os virologistas admitem mesmo que é normal aparecem novas variantes à medida que o vírus vai circulando.

Como está a nova subvariante a propagar-se?

Neste momento, estima-se que mais de 40% dos casos de covid-19 nos Estados Unidos sejam causados ​​pela XBB.1.5, o que torna a variante dominante no país. No início de dezembro representava apenas 4% dos casos.

Tudo indica que a variante se venha a espalhar a nível global, mas não é claro se irá causar uma nova onda de infeções. Até agora, já foi identificada em cerca de 30 países.

Segundo os especialistas as vacinas que estão a ser administradas continuam a proteger contra sintomas graves, hospitalizações e morte.

Ainda há muito por descobrir sobre a XBB.1.5, disse à BBC David Heymann, professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que defende ser pouco provável que esta nova subvariante cause graves problemas em países com altos níveis de vacinação e infeções anteriores.

E em Portugal, já foi identificada?

O Instituto Ricardo Jorge (INSA) detetou em Portugal "algumas dezenas de casos" da linhagem XBB do vírus que provoca a covid-19, mas apenas um foi classificado como sendo da sublinhagem XBB.1.5

O investigador do INSA João Paulo Gomes, que coordena o estudo sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal, reforça que a sublinhagem XBB.1.5 "poderá estar associada a uma maior transmissibilidade, dado o seu significativo aumento de frequência em algumas regiões" do mundo.

No entanto, "será prudente aguardar pela sua evolução de frequência em múltiplos países para se perceber o seu real impacto epidemiológico", adiantou o especialista do INSA.

Para o investigador, "ainda é cedo" para se perceber se esta sublinhagem terá algum impacto significativo nas hospitalizações por covid-19 por ser diferente das outras linhagens já em circulação da variante Ómicron.

O que está a OMS a fazer?

A OMS está a fazer uma avaliação do risco desta subvariante e espera em breve divulgar os resultados. Garante também que está a monitorizar as possíveis mudanças na gravidade da subvariante através da análise de resultados e de dados a nível mundial.

Uma das maiores preocupações, neste momento, é o quão transmissível poderá ser esta nova subvariante.

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