Orçamento do Estado

A resposta de Ventura à resposta de Montenegro sobre reuniões em São Bento

André Ventura diz que a proposta de Orçamento do Estado para 2025 é um “desastre” e uma “fraude” e que se aproxima da "lógica socialista". Por isso, vai “votar contra". A decisão é “irrevogável”. Sobre as reuniões em São Bento, o líder do Chega reitera que tem “provas”.

Rita Rogado

O presidente do Chega, André Ventura, anunciou esta terça-feira que o partido “vai votar contra” a proposta do Orçamento do Estado para 2025. Diz que não se revê no documento, que classifica como um “desastre “ e uma ”fraude” a nível de impostos. Refere ainda que a proposta "tira com uma mão e dá com a outra”.

André Ventura acusa o Governo de uma “enorme traição” à Direita por se aliar ao Partido Socialista (PS) e classifica a proposta apresentada pelo Executivo de ser uma "fraude e um logro fiscal". Por isso, anuncia: o Chega vai votar contra o Orçamento do Estado, já na generalidade.

“É um voto irrevogável, é um voto de sinalização e que assinala uma enorme traição cometida à Direita pelo primeiro-ministro”, afirma.

Ao longo da conferência de imprensa a partir da sede do Chega, assinala que o partido não se revê no documento e acusa o Governo, que entende estar em “combate político”, de seguir a “mesma lógica" dos orçamentos socialistas:

“Cobrar mais, fazer poucas mudanças, desagravar pouco e distribuir pelos mesmos de sempre. A mesma lógica que levou António Costa a oito anos de poder e que levou António Costa ao estado do país em que nos encontramos hoje”.

Reuniões do Governo com o Chega

Ventura diz que o primeiro-ministro lhe propôs, num encontro “em privado”, um acordo em troca da viabilização do Orçamento do Estado. Já Luís Montenegro acusa o presidente do Chega de mentir e garante que nunca propôs um acordo de governação ao Chega. Mas, afinal, o que se passou?

André Ventura garante que “disse sempre a verdade” - número de encontros e datas - sobre as alegadas cinco reuniões privadas com o Chega para o Orçamento do Estado.

Questionado sobre os locais dos encontros, especifica que foram “quatro em São Bento e uma fora de São Bento”.

Nas perguntas e respostas aos jornalistas, o presidente do Chega garante ter as provas “necessárias” para discutir a verdade com o primeiro-ministro. Contudo, não as revela por serem "elementos privados”.

"Se o Sr. primeiro-ministro quiser discutir a veracidade destes elementos, ele pode avançar com o processo que sou eu que quero o levantamento da minha imunidade. Sei que tenho a verdade do meu lado. Eu dei datas quando ainda ninguém tinha datas”, afirma.

Para o líder do partido, o país “fica convencido do que aconteceu”, uma vez que Luís Montenegro não nega as cinco reuniões com o Chega.

“Eu fiz uma alegação, ela não foi desmentida. Eu acho que isso vale por si próprio (…). Eu disse sempre a verdade, o primeiro-ministro ainda não mostrou uma vez que tenha dito a verdade”, refere.

Ventura assinala que até setembro estava em cima da mesa um orçamento e, depois de setembro, “ficou na mesa outro orçamento”, classificando o último como um “desastre”.

Se o primeiro-ministro “desmentir” as reuniões, o presidente do Chega garante que “isso será demonstrado”.

Na conferência de imprensa, acusa ainda a comunicação social de “preferir estar ao lado do Governo” em vez de “fazer o seu trabalho”.

“Os srs. jornalistas sabem que o primeiro-ministro estava a mentir quando não referiu reuniões comigo no número em que foi. Acho impressionante que deixem um primeiro-ministro passar impune, não sei porquê nem porque razões, quando eu já disse datas, os locais e as reuniões. Só mostra uma imprensa que, em muitos casos, decide estar mais ao lado do Governo do que a fazer o seu trabalho. Em qualquer país da Europa, o primeiro-ministro já tinha sido obrigado a dizer se estas reuniões são verdade”.

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