O Oceano Ártico pode ficar sem gelo no verão de 2030, ou seja, daqui a 7 anos. Um estudo internacional, divulgado por ocasião do Dia Mundial dos Oceanos que se assinalou esta quinta-feira, revelou esta nova previsão inquietante. Irina Gorodetskaya é investigadora do CIIMar, da Universidade do Porto, especialista nas regiões polares, explicou à SIC a gravidade da situação.
Quando “Nanook” foi filmado, há mais de 100 anos, no Quebeque, muitas questões se colocaram, mas dificilmente se poderia supor que um dia se apontasse uma data para o fim do gelo no Ártico, que parece agora mais perto do que nunca. Os investigadores falam do verão de 2030 como uma possibilidade real.
A investigação foi publicada na revista Nature Communications e feita por cientistas da Coreia do Sul, Alemanha e do Canadá, que utilizaram dados de observação do período 1979-2019.
O sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU, conhecido em março, apontava que o Ártico estaria praticamente sem gelo em setembro de 2050 - o mês que costuma atingir os mínimos anuais. Este estudo mostra agora que pode acontecer bem mais cedo. É urgente então alterar comportamentos.
O Oceano Ártico tem uma área de cerca de 14 milhões de quilómetros quadrados. A ausência de gelo significa, segundo os cientistas, existir apenas uma área inferior a um milhão, já que pode continuar a existir gelo ao longo da costa. Uma situação que se tem agravado de uma forma acentuada desde 2000.
De acordo com os autores do novo estudo, o desaparecimento do gelo irá acelerar o aquecimento do Ártico, a subida da temperatura dos oceanos e levar ao aumento de fenómenos meteorológicos extremos em latitudes médias, como os fogos florestais.