Bores, o lince-do-deserto que vivia como animal de companhia numa família na Madeira estava "entre a vida e a morte" e acabou por não resistir, apurou a SIC.
Já esta quarta-feira, a Associação Ajuda Alimentar a Cães partilhou nas redes sociais que desde o dia em que o animal foi sedado para regressar a casa “através de um dado tranquilizante, não recuperou”.
"Chegou sedado a casa e durante mais de um dia não acordou e foi levado para uma clínica veterinária de urgência. Desde esse dia foram várias as tentativas do regresso a casa, mas o estado de saúde só tem vindo a piorar. Desde que foi sedado perdeu a capacidade de andar e de comer. Hoje deixou de reagir a qualquer estímulo”, pode ler-se no post publicado esta quarta-feira no Facebook.
Na publicação, a associação explica que a família, juntamente com uma advogada, já se encontra a “apurar responsabilidades” e acusa as “entidades responsáveis” pelo estado de saúde em que se encontra o animal.
“A lei infelizmente desconhece sentimentos e desde o primeiro dia as entidades responsáveis por este caso não fizeram um bom trabalho. O Bores jamais deveria ter saído do local onde sempre viveu, até porque foi levado para um local inadequado.”
Denúncia no Ministério Público fez com que animal fosse retirado à família
Bores, de 6 anos, viveu toda a vida como animal de companhia, mas uma denúncia ao Ministério Público fez com que essa situação se invertesse. O animal foi resgatado e apreendido dia 3 de julho pela GNR, detido ilegalmente por uma mulher de 38 anos no concelho do Funchal, na Madeira. A dona foi identificada e alvo de um auto de contraordenação.
Para que o animal fosse devolvido à família, a Associação Ajuda Alimentar a Cães criou a petição pública "Regresso do Bores ao seu lar" que, nesta quarta-feira, já ultrapassava as 21 mil assinaturas.
Em comunicado, o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) justificou o resgate e apreensão do animal dizendo que a família não apresentou “qualquer documento” relativo ao animal ou ao seu licenciamento. Explicou, também, que recebeu um relatório médico representantes forenses da dona do lince do deserto a atestar que, “para o bem-estar e segurança do animal”, os proprietários "deveriam ficar como fiéis depositários deste”.
No dia seguinte, o IFCN foi notificado pela “entidade instituída como fiel depositário” que não tem disponibilidade para “mandar a guarda do animal selvagem”. Nesse sentido, o lince do deserto voltou, a partir desta quarta-feira, “à guarda dos proprietários” até à conclusão do processo contraordenacional e respetiva decisão final.
O futuro do animal compete agora ao IFCN e ainda não está decidido. A legislação que regula as espécies exóticas só foi adaptada à Madeira em 2023 e permite que se passe licenças especiais aos animais que chegaram à região antes da entrada em vigor da lei.