Mundo dos Animais

Está por decidir o futuro de Bores, o lince-do-deserto que vive como animal de companhia

Na Madeira, um lince-do-deserto foi retirado aos tutores e colocado numa jaula devido a uma denúncia ao Ministério Público. Apesar de ter sido, entretanto, devolvido à família, o futuro do animal ainda não está resolvido.

Marta Caires

Horácio Pinto

Bores, o lince-do-deserto desta história, tem seis anos e durante todo este tempo viveu como animal de companhia de uma família na Madeira até que uma denúncia no Ministério Público tudo mudou. Foi retirado de casa, enquanto 20 mil pessoas assinavam uma petição para que voltasse aos tutores. Isso acabou por acontecer, mas a decisão levanta muitas questões.

“Pegar num animal que estava não no seu habitat, mas era o que ele conhecia, e depois encarcerá-lo numa jaula, num ambiente completamente estranho. É fácil de compreender, ia deixar de comer, desenvolver, provavelmente, uma anorexia”, explica a veterinária Sílvia Vasconcelos.

Com uma tese de doutoramento na relação entre humanos e animais de companhia, não esquece que há lei e, ao abrir uma exceção, abre-se também um precedente.

"Estar a abrir precedentes desta natureza é extremamente preocupante que alguém possa trazer outro animal, com uma perigosidade ainda maior, e quando digo perigosidade nem estou a falar só da questão física - de atacar, de morder, de arranhar - estou a falar, por exemplo, da transmissão de doenças infetocontagiosas", diz Sílvia Vasconcelos.

Entre o bem estar do animal e a defesa da saúde pública, o futuro de Bores compete ao Instituto das Florestas e Conservação da Natureza e ainda não está decidido.

A legislação que regula as espécies exóticas só foi adaptada à Madeira em 2023 e permite que se passe licenças especiais aos animais que chegaram à região antes da entrada em vigor da lei.

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