Apesar de toda a alegada controvérsia que o anúncio gerou, o Presidente Marcelo prometeu e falou (mesmo) sobre direitos humanos no Qatar, no âmbito de uma conferência na capital Doha sobre "o objetivo 4 do Desenvolvimento Sustentável, uma Educação de qualidade".
Marcelo Rebelo de Sousa falava em Doha, numa conversa com o Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, sobre educação, iniciativa organizada pela fundação Education For All em conjunto com as Nações Unidas, antes de assistir à estreia da seleção portuguesa de futebol no Campeonato do Mundo do Qatar.
Nesta sessão, transmitida na Internet, o chefe de Estado sustentou que para se cumprir o 4.º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas - "o acesso a uma educação inclusiva, de qualidade e equitativa" - é preciso "liberdade para cada um, para todos" e "coesão social".
Coesão social implica "incluir toda a gente, incluir os pobres" e também "os migrantes", implica "incluir pessoas com ideias sociais, políticas, económicas diferentes, até com diferentes orientações - nós sabemos que cada país tem a sua maneira de pensar -- mas até orientações sexuais e de género", acrescentou.
A propósito da liberdade, referiu: "Claro, aqui temos somente equipas de futebol masculinas. Mas, por exemplo, em Portugal a maioria dos estudantes do ensino superior são mulheres, a maioria das doutoradas são mulheres, estamos acima da média da Europa, estamos a liderar, e isso é tão importante".
Marcelo, que falou em inglês, apelou a que se aposte e invista no ensino superior, na evolução científica e tecnológica, mas sem esquecer os que não conseguem ter acesso a essa educação, considerando que esta é uma questão de direitos humanos.
“[Marcelo] sublinhou que uma educação de qualidade implica o seu alargamento a todos os cidadãos, incluindo do um aumento significativo do acesso ao ensino superior, como aconteceu em Portugal nas últimas décadas, em particular a participação das mulheres, hoje maioritárias no ensino superior, incluindo nos doutoramentos. Mas também significa o acesso de todas as camadas sociais, nacionais e não nacionais, incluindo migrantes e suas famílias”, lê-se numa nota publicada no site da Presidência.
O chefe de Estado salientou que "uma educação de qualidade significa liberdade e inclusão, tolerância, não discriminação nomeadamente em função do género, da etnia, da origem, da orientação sexual e, portanto, o respeito pelos Direitos Humanos. Naturalmente contribuindo para a redução das desigualdades e a luta contra a pobreza".
"Não há desenvolvimento sustentável sem educação de qualidade, sem deixar ninguém para trás", rematou Marcelo.