Mercado de transferências

Benfica, FC Porto, Braga e Sporting e o agitado mercado de inverno: confira todas as movimentações

Essencialmente sustentada nos negócios de Enzo Fernández, Pedro Porro e Vitinha, a I Liga nunca tinha auferido tanto dinheiro durante o inverno e foi o segundo campeonato à escala mundial com maior receita somada.

Jose A. Bernat Bacete

Lusa

SIC Notícias

Os futebolistas Gonçalo Guedes e Pizzi regressaram ao Benfica e ao Sporting de Braga no mercado de transferências de inverno, que fechou na terça-feira, com o Sporting a recrutar Héctor Bellerín e o FC Porto sem reforços de peso. Enzo Fernández, Pedro Porro e Vitinha deixaram Benfica, Sporting e Sporting de Braga, respetivamente, por montantes iguais ou acima das suas cláusulas de rescisão

Seis anos depois de ter trocado os 'encarnados' pelos franceses do Paris Saint-Germain, Gonçalo Guedes voltou à casa de partida emprestado pelos ingleses do Wolverhampton, sem opção de compra, encabeçando o lote de reforços mediáticos da I Liga portuguesa.

Além do avançado, que resolveu a final da Liga das Nações de 2019 entre Portugal e os Países Baixos (1-0), o clube da Luz investiu recursos em território nórdico para adquirir o extremo norueguês Andreas Schjelderup (ex-Nordsjaelland), por nove milhões de euros (M€), e o dianteiro dinamarquês Casper Tengstedt (ex-Rosenborg), a troco de sete M€.

Do mercado interno procederam o esloveno Amir Feratovic (ex-Estrela da Amadora) e o cabo-verdiano Gilson Benchimol (ex-Estoril), visando chances de evolução no Benfica B.

O líder da I Liga ficou, porém, com uma vaga por preencher no meio-campo face à saída para os ingleses do Chelsea no derradeiro dia de janeiro do argentino Enzo Fernández, protagonista do negócio mais caro de sempre do futebol luso e da temporada 2022/23.

Benfica “arrumou a casa” e abreviou lote de “excedentários”

Além desse autêntico 'jackpot', o líder isolado da I Liga portuguesa usufruiu do mês para abreviar o lote de “excedentários”, desde logo nas rescisões de Tomás Tavares (Spartak Moscovo, por três M€), João Ferreira (Watford, 2,5 M€), Yony González (Portimonense), Germán Conti (Lokomotiv Moscovo) ou Branimir Kalaica (Lokomotiva), enquanto Haris Seferovic rumou do Galatasaray ao Celta de Vigo, mantendo a condição de emprestado.

Rodrigo Pinho (Coritiba, por 2,5 M€), Diogo Gonçalves (Copenhaga, dois M€), Gil Dias (Estugarda, dois M€), John Anthony Brooks (Hoffenheim, 500 mil euros) e Helton Leite (Antalyaspor) deixaram o plantel principal, tal como João Victor (Nantes), Paulo Bernardo (Paços de Ferreira) e Henrique Araújo (Watford), todos cedidos sem opção de compra.

As entradas no plantel bracarense

O Sporting de Braga também apelou ao regresso do médio Pizzi, que rescindiu com o Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, para o qual se tinha transferido no início da época, na sequência de sete temporadas e meia cumpridas pela formação principal do Benfica.

Outro internacional português com reentrada sonante na I Liga foi o extremo Bruma, que ingressou por empréstimo dos turcos do Fenerbahçe, comandado por Jorge Jesus, no segundo colocado da prova, novo clube do defesa sueco Joe Mendes (ex-AIK, 1,5 M€).

A saída milionária de Vitinha

Em registo similar esteve o vice-líder Sporting de Braga, que aliou a devolução de Diego Lainez (Betis) e as cedências de Bruno Rodrigues (Karagümrük), Zé Carlos (Gil Vicente) ou Hernâni Infande (Paços de Ferreira) à partida do avançado Vitinha no final de janeiro.

Os franceses do Marselha desembolsaram 32 M€, dois acima da cláusula de rescisão do internacional sub-21 luso, para a maior venda de sempre dos minhotos, face aos 31 M€ empregues pelo FC Barcelona por Francisco Trincão, atualmente no Sporting, em 2020.

O agitado último dia de mercado do Sporting

O Sporting aguardou pelas decisivas horas da janela invernal para desbloquear junto do FC Barcelona a cedência do defesa internacional espanhol Héctor Bellerín, opção para render no imediato a partida do compatriota Pedro Porro para os ingleses do Tottenham.

O defesa espanhol deve, assim, igualar o segundo maior 'encaixe' de sempre do quarto classificado da I Liga, a par de Matheus Nunes (Wolverhampton) e Nuno Mendes (Paris Saint-Germain), ambos vendidos por 45 M€, logo atrás dos 55 M€ fixos, com 25 M€ em variáveis, desembolsados há três anos pelo Manchester United sobre Bruno Fernandes.

O último dia de janeiro proporcionou igualmente a entrada do defesa costa-marfinense Ousmane Diomandé, que custou 7,5 M€ fixos, após se ter imposto na II Liga pelo Mafra, ao qual chegara por empréstimo dos dinamarqueses do Midtjylland no início de 2022/23.

Em final de contrato com o Rosario Central, o centrocampista argentino Mateo Tanlongo foi o primeiro reforço oficializado em 2023 pelo Sporting, quarto da I Liga, que resgatou o defesa Gonçalo Esteves ao fim de sensivelmente meio ano de cedência ao Estoril Praia.

Empréstimos e rescisão em Alvalade

As conversações intensas acerca do futuro de Pedro Porro disfarçaram um mês pacato em Alvalade, de onde José Marsà (Sporting Gijón), Renato Veiga (Augsburgo) e Jovane Cabral (Valladolid) partiram por empréstimo, com Luiz Phellype (OFI Creta) a rescindir.

FC Porto teve um mês mais pacífico

Ao contrário dos principais adversários diretos, o FC Porto, detentor dos quatro troféus nacionais e terceiro classificado da I Liga, permaneceu inativo no capítulo das entradas e limitou-se a agregar à equipa B o extremo brasileiro Luan Brito, oriundo do Fluminense.

Os “dragões” emprestaram Nanu (Santa Clara) e rescindiram com João Pedro (Grêmio), após se terem libertado das restrições geradas pelo regime de fair-play financeiro da UEFA, ao qual esteve submetido de 2017 a 2022.

Nunca a I Liga tinha auferido tanto dinheiro em janeiro

Essencialmente sustentada nos negócios de Enzo Fernández, Pedro Porro e Vitinha, a I Liga nunca tinha auferido tanto dinheiro durante o inverno e foi o segundo campeonato à escala mundial com maior receita somada (161,1 M€), logo atrás da França (199,1 M€).

A ausência de 'encaixes' significativos sobressaiu, porém, entre os restantes 14 clubes primodivisionários que viram o Portimonense anunciar 11 reforços, entre os quais Maurício (ex-Rodina), Yony González (ex-Benfica), Wagner (ex-Santos) e Sérgio Conceição, filho do atual treinador do FC Porto.

O Marítimo ajustou o seu plantel com cerca de uma dezena de saídas, num mês assinalado pela saída de algumas figuras ou titulares recorrentes.

Se André Bukia (Al-Batin) foi vendido pelo Arouca, Joel Tagueu (Al-Hazm) e Ewerton (Vegalta Sendai) abandonaram Portimonense e Marítimo a título de empréstimo, num caminho inverso ao que fizeram Alex Millán, devolvido pelo Famalicão ao Villarreal, ou Bastien Toma e N'Dri Koffi, de regresso a Genk e Reims através do Paços de Ferreira.

Anderson Carvalho desvinculou-se do Santa Clara, Miguel Silva rumou do Marítimo ao Beitar Jerusalém e Pedro Amaral trocou o Rio Ave pelo Al Khaleej, com Danilo Veiga a ingressar no Rijeka oriundo do Gil Vicente, que foi resistindo à cobiça por Fran Navarro, um dos 'artilheiros' do campeonato, a par do benfiquista Gonçalo Ramos, com 12 golos.

A janela invernal decorreu de forma inédita logo a seguir ao Mundial2022, no Qatar, onde estiveram presentes o japonês Yuki Soma (ex-Nagoya Grampus), emprestado ao Casa Pia, ou os costa-riquenhos Brandon Aguilera (ex.Nottingham Forest), cedido ao Estoril, e Roan Wilson (ex-Municipal Grecia), que ingressou logo a título definitivo no Gil Vicente.

Regressos a Portugal

De regresso a Portugal estão Leandro Sanca (ex-Spezia) e Denilson (ex-Hatta Club), do Famalicão, João Gamboa (ex-Leuven), Rafik Guitane (Reims) e Cassiano (Al-Faisaly), do Estoril Praia, e Ygor Nogueira (ex-Mazatlán) e Walter González (ex-Olimpia), do Santa Clara.

Outros exemplos incidem em Giorgi Makaridze (Ponferradina), Renê Santos (Al-Raed) e Brayan Riascos (ex-Metal Kharkiv), do Marítimo, ou Carlos Marafona (ex-Alanyaspor), Maracás (ex-Al-Wahda) e Alexandre Guedes (ex-Albirex Niigata), do Paços de Ferreira.

Já Manu Silva (ex-Feirense) 'saltou' da II Liga para ser o único reforço oficializado pelo Vitória de Guimarães, num rasto acompanhado por Gabriel Pereira, que se transferiu do Vilafranquense para o Gil Vicente, além de Beni Mukendi e Kiki Silva, dupla recrutada a Trofense e Leixões pelo Casa Pia, principal sensação da primeira volta do campeonato.

Últimas