O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, o bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, D. Américo Aguiar, e o vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia, esclarecem, em conferência de imprensa conjunta, mais pormenores sobre o evento que vai trazer, este verão, o Papa Francisco a Portugal.
“Prometi uma solução e aqui estou, aqui estamos”, começou por salientar o autarca social-democrata, destacando que o caderno de encargos foi revisto, com "uma redução substancial de custos mantendo sempre a dignidade e segurança que este evento necessita e merece".
Moedas referiu-se depois a “dois grandes esforços de redução de custos”: o altar-palco no Parque Tejo e o palco no coração da cidade, no Parque Eduardo VII.
No Parque Tejo, referiu Carlos Moedas houve “uma redução substancial da altura do palco, de nove para quatro metros, redução também no número de pessoas que estavam no palco duas mil para mais ou menos 1.240 pessoas, com isso reduzimos a área de implantação de toda esta infraestrutura”, e consequentemente o valor dos custos "passa de 4,2 milhões de euros passa para 2,9 milhões (mais IVA), uma substancial redução de preço em 30%".
No outro palco, no Parque Eduardo VII, o autarca anunciou uma “redução de custos de 1,7 milhões de euros”, passando o palco previsto para este local para um custo de “450 mil euros”, que “vai ser financiado pela Fundação da JMJ”.
“Todos estes custos são justificáveis e terão um retorno para a cidade que vai muito além do retorno financeiro”, insistiu Carlos Moedas, revelando que Lisboa vai investir neste evento um total de 10 milhões de euros.
Novos números e custos
Parque Tejo:
- 1,6 milhões de euros em estudos, projetos e fiscalização;
- 7,1 milhões de euros em reabilitação aterro de Beirolas;
- 1,06 milhões de euros em ensaios e fundações;
- 3,3 milhões de euros em infraestruturas e equipamentos;
- 4,2 milhões de euros para Ponte Pedonal Rio Trancão.
Valor total do investimento 20,2 milhões de euros
Parque Eduardo VII
- 430 mil euros em instalações sanitárias;
- 1,8 milhões de euros em écrans, som e estruturas;
- 300 mil euros em infraestruturas e equipamentos;
- 360 mil euros em luz e som de palco;
- 250 mil euros em produção e vigilância equipam;
- 220 mil euros em diversos.
Valor total do investimento 3,4 milhões de euros
Outros custos
- 700 mil euros Terreiro do Paço;
- 700 mil euros Alameda dom Afonso Henriques;
- 600 mil euros Belavista;
Valor total do investimento 2 milhões de euros
- 6,6 milhões de euros Regimento Sapadores Bombeiros, Proteção Civil e Polícia Municipal;
- 1,1 milhões de euros intervenções necessárias.
Valor total do investimento 7,7 milhões de euros
Errámos mas não somos ladrões
Confirmando que a Igreja Católica pagará, através do orçamento da Fundação JMJ Lisboa 2023, os custos do palco no Parque Eduardo VII, o bispo auxiliar de Lisboa Américo Aguiar assumiu o erro inicial e apelou aos portugueses para “que confiem” no que está a ser pensado.
“Não tenho problema nenhum eu dizer que erro, que falho, que faço mal, o que quero é ter sempre ânimo para fazer melhor. Acho sempre muito interessante chamarmos a atenção para os erros, mas depois a notícia é que errámos, é que fizemos mal, é que recuámos. Não, positivamente. Fomos chamámos à atenção (…) e os nossos técnicos trabalharam arduamente durante 15 dias para uma solução (…) que não permite fazer o que estava inicialmente pensado mas que não põe em causa que as coisas corram da melhor forma", vincou.
Américo Aguiar assegurou ainda que a organização tem "consciência do desafio" que tem entre mãos, mas pediu também para que os portugueses "confiem e, aos a quem puder pedir isto, que rezem". Nós somos capazes de fazer o melhor".
Ainda sobre as críticas feitas aos valores inicialmente apontados para o altar-palco, o bispo auxiliar de Lisboa confessou que lhe "dói, como cidadão e como bispo", que por vezes os organizadores sejam "vistos somos ladrões".
"Este acontecimento será único. Estamos a aprender e queremos fazer bem. Os portugueses podem confiar", disse, reforçando que a JMJ será "um acontecimento esmagador", que fará com que "a cidade de Lisboa, durante uma semana, tenha um suplemento de 10% da população portuguesa".
Marcelo antecipou-se
Antes desta conferência de imprensa, o Presidente Marcelo antecipou-se e anunciou que foi feito “um esforço grande e foi possível reduzir para menos de metade” os custos do altar-palco. Questionado sobre se a pressão mediática contribuiu para essa redução, o chefe de Estado não hesitou na reposta: “As pessoas são sensíveis e é o povo quem mais ordena”.
Nada que tenha incomodado Carlos Moedas. “É muito importante que estejamos todos informados e fico muito satisfeito porque fui eu quem informou o Presidente da República, que tem acompanhado todo este processo, estamos todos aqui, juntos. Ele não está aqui mas está connosco".
“Como pessoa, como presidente da Câmara assumo estes números [perante] os lisboetas porque é importante para a cidade, porque vai ser um evento único nas nossas vidas, porque Lisboa merece. É verdade que eu não estava aqui no início em 2019, mas tenho assumido com todo o comprometimento e ambição este evento”, reiterou Carlos Moedas, insistindo na ideia de que estamos perante um investimento para a cidade de, “no mínimo, 100 milhões de euros”.
Promessa cumprida
A JMJ tinham até hoje um custo total estimado de quase 160 milhões de euros, mas há pouco mais de uma semana, o bispo auxiliar Américo Aguiar disse acreditar que esse valor não fosse atingido, tendo mesmo afirmado que a Igreja Católica iria “pedir aos técnicos” para “que cortem tudo o que não é essencial”.
O mesmo foi defendido, no dia seguinte, pelo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente. “Tudo quanto se possa reduzir, desde que se cumpram os objetivos de fazer algo digno, que dignifique a cidade e também seja bom para a imagem de Portugal (...) é bom”, disse aos jornalistas.
E hoje, na conferência de imprensa, esse “grande esforço” foi salientando pelo autarca de Lisboa, que esclareceu que os valores anteriormente indicados para o Parque Tejo na comunicação social não tinham fundamento, "porque não havia projeto fechado".
"Temos uma redução de custos para o erário público de 1,7 milhões de euros", disse Carlos Moedas.
As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, tendo a primeira edição acontecido em Roma em 1986. Para as JMJ em Lisboa, o Papa Francisco foi a primeira pessoa a inscrever-se, no dia 23 de outubro de 2022, no Vaticano.
Este gesto marcou a abertura mundial das inscrições para o encontro mundial de jovens com o Papa, que encerrará a Jornada, que vai acontecer na capital portuguesa entre 1 e 6 de agosto deste ano, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.