André Branco Rodrigues, professor de Proteção Civil da Universidade Lusófona, lamenta as condições em que os bombeiros têm combatido os incêndios em Portugal.
Em declarações à SIC Notícias, revela que os operacionais "têm sido sujeitos a condições sub-humanas de combate em situações de frentes de fogo que estão fora da capacidade de extensão pelos meios terrestres".
Para o professor de Proteção Civil, neste momento é importante que o Governo "esteja próximo da população numa transmissão de uma comunicação clara e objetiva". E vais longe ao afirmar que o Executivo de Luís Montenegro devia ser capaz de antecipar algumas situações "como já foi possível referir a questão do Mecanismo Europeu de Proteção Civil e a questão da renovação constante da situação de alerta que, na minha opinião, já devia ser situação de contingência".
Porquê? "Porque estamos numa fase em que o âmbito territorial municipal já foi ultrapassado há muito tempo, há muitos incêndios que já afetaram vários concelhos, o mesmo incêndio já afetou vários concelhos, e portanto já foge daquilo que é o âmbito municipal. E isso permitiria uma mobilização de meios e uma coordenação que passaria para a esfera do Governo", explicou.
André Branco Rodrigues considera que algumas decisões já foram tomadas um pouco tarde e que agora "andamos a correr atrás do prejuízo". Realça que agora é altura para focar na resposta e na resolução dos incêndios. "E depois sim, acho que era importante haver aqui algum estudo, alguma compreensão de todos os fenómenos que aconteceram, da gestão que foi feita e de tirarmos elações para que no próximo ano não estejamos aqui novamente", rematou.
O que pode ser feito para que a tragédia não se repita no futuro?
Para que situações do género não voltem a acontecer, o professor da Universidade Lusófona diz que seria preciso "um trabalho multidisciplinar, haver um planeamento consciente e a longo prazo para que haja um plano de reflorestação".
Alerta ainda para o seguinte: "se neste momento todas as áreas ardidas crescerem com aquilo que é, à sua sorte, digamos assim, vamos ter daqui a uns anos, novamente uma floresta completamente desordenada, zonas em que não vai ser possível fazer combate e vamos voltar a viver tudo isto".
André Rodrigues defende que é é no cidadão comum que as autoridades devem trabalhar. Realça a importância de sensibilizar e informar a população sobre o risco de incêndio rural e explicar como devem agir perante uma situação de incêndio.