Incêndios em Portugal

Portugal já devia estar "em situação de contingência"

O professor universitário André Branco Rodrigues diz que os operacionais "têm sido sujeitos a condições sub-humanas de combate em situações de frentes de fogo que estão fora da capacidade de extensão pelos meios terrestres".

Bárbara Ferreira

Cláudio Bento França

André Branco Rodrigues, professor de Proteção Civil da Universidade Lusófona, lamenta as condições em que os bombeiros têm combatido os incêndios em Portugal.

Em declarações à SIC Notícias, revela que os operacionais "têm sido sujeitos a condições sub-humanas de combate em situações de frentes de fogo que estão fora da capacidade de extensão pelos meios terrestres".

Para o professor de Proteção Civil, neste momento é importante que o Governo "esteja próximo da população numa transmissão de uma comunicação clara e objetiva". E vais longe ao afirmar que o Executivo de Luís Montenegro devia ser capaz de antecipar algumas situações "como já foi possível referir a questão do Mecanismo Europeu de Proteção Civil e a questão da renovação constante da situação de alerta que, na minha opinião, já devia ser situação de contingência".

Porquê? "Porque estamos numa fase em que o âmbito territorial municipal já foi ultrapassado há muito tempo, há muitos incêndios que já afetaram vários concelhos, o mesmo incêndio já afetou vários concelhos, e portanto já foge daquilo que é o âmbito municipal. E isso permitiria uma mobilização de meios e uma coordenação que passaria para a esfera do Governo", explicou.

André Branco Rodrigues considera que algumas decisões já foram tomadas um pouco tarde e que agora "andamos a correr atrás do prejuízo". Realça que agora é altura para focar na resposta e na resolução dos incêndios. "E depois sim, acho que era importante haver aqui algum estudo, alguma compreensão de todos os fenómenos que aconteceram, da gestão que foi feita e de tirarmos elações para que no próximo ano não estejamos aqui novamente", rematou.

O que pode ser feito para que a tragédia não se repita no futuro?

Para que situações do género não voltem a acontecer, o professor da Universidade Lusófona diz que seria preciso "um trabalho multidisciplinar, haver um planeamento consciente e a longo prazo para que haja um plano de reflorestação".

Alerta ainda para o seguinte: "se neste momento todas as áreas ardidas crescerem com aquilo que é, à sua sorte, digamos assim, vamos ter daqui a uns anos, novamente uma floresta completamente desordenada, zonas em que não vai ser possível fazer combate e vamos voltar a viver tudo isto".

André Rodrigues defende que é é no cidadão comum que as autoridades devem trabalhar. Realça a importância de sensibilizar e informar a população sobre o risco de incêndio rural e explicar como devem agir perante uma situação de incêndio.

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