Incêndios em Portugal

"As lágrimas correm no rosto": bombeiros recordam momentos dramáticos nos incêndios

Os bombeiros de Albergaria-a-Velha dizem que a região esteve próxima de viver uma tragédia semelhante á de Pedrógão. Vários operacionais relatam à SIC os momentos que viveram. Sentiram-se impotentes, ao combaterem as chamas sem saber da família, e frustrados com as críticas: "Não era possível fazer mais".

Paulo Ravara

Sérgio Campos

Já passou mais de uma semana. O serviço no quartel regressou à rotina, mas os pensamentos dos bombeiros ainda estão nos incêndios. Em Albergaria-a-Velha, uma das regiões mais fustigadas pelas chamas, vários operacionais falaram com a SIC.

“Vamos revendo as imagens, as pessoas aos gritos… Nós também temos coração. mexe connosco e as lágrimas correm no rosto”, comenta Filipe Silva.

Pedro Oliveira, segundo comandante dos bombeiros de Albergaria-a-Velha, recorda-se de ver “um senhor que tinha a casa arder” e de “não poder fazer nada”. “Custa querermos ajudar e não conseguirmos”, confessa.

Naquela segunda-feira, dia 16 de setembro, a manhã solarenga escureceu num ápice. Algo de muito mau vinha a caminho.

“Eram chamados de todos os lados”, lembra Ana Alves. “Era muito fumo”, comenta Filipa Silva.

“Chamaram-me mais nomes do que na minha vida toda”

Remoem-se momentos, os conterrâneos em perigo, as casas ardidas, os negócios e planos arruinados. Numa situação extrema, onde não era possível chegar a todo o lado, muitos populares contestaram o trabalho dos bombeiros.

”Naquela segunda-feira chamaram-me mais nomes do que na minha vida toda. mas não havia maneira de ajudarmos mais", conta Pedro Oliveira. “Estamos aqui para uma missão e nos tratam assim. É um pouco frustrante lidar com isso emocionalmente”, confessa Fábio Marques.

“Memórias de 2017 vieram ao de cima”

Na segunda-feira, por volta das 7h20, três incêndios dirigiram-se para Albergaria-a-Velha a uma velocidade raramente observada.

"As memórias de 2017 vieram ao de cima. Pensei ver uma situação muito idêntica ou ainda pior a de Pedrógão Grande", conta Pedro Oliveira.

Muitos familiares dos próprios bombeiros viveram essas aflições.

“Deixámos a nossa família e vamos socorrer os outros, sem saber se os nossos estão em segurança”, afirma Nuno Cândido.

Houve mortes e destruição. Apesar disso, a dedicação destes homens e mulheres evitou um desfecho ainda mais catastrófico.

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