Incêndios em Portugal

Incêndios e clima: "Isto vai piorar. Vamos começar um período de estio que pode ser muito prolongado"

O geofísico Miguel Miranda lembra que "o clima está mais difícil" pelo que "basta haver uma combinação de temperatura a aumentar com uma humidade muito baixa e vento, temos condições de deflagração rápida de incêndios rurais".

SIC Notícias

A chuva chega já esta quinta-feira ao interior e pode ser acompanhada por trovoada. Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, está prevista também uma pequena descida da temperatura máxima. A mudança do vento de leste para noroeste com a humidade do mar agora a chegar é o elemento chave para dominar os incêndios em Portugal.

"A chuva vai ajudar a finalmente a que este terrível período seja encerrado, apesar de ter que haver a consciência clara que podemos ter um novo período, ainda estamos em setembro", salienta o geofísico, antigo presidente do IPMA e docente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).

Os incêndios destes últimos dias, do ponto de vista meteorológico, tiveram como característica "a combinação entre uma temperatura que nem sequer foi demasiadamente elevada, mas com uma velocidade de vento elevada e com uma humidade baixa numa área muito extensa".

"Isto vai piorar (...) as condições para que os incêndios se desenvolvam (...) são claras. A temperatura média está aumentar. Basta haver uma combinação em que essa temperatura está a aumentar com uma humidade muito baixa e uma rotação de vento, talvez de Espanha (...) nós temos condições de deflagração rápida de incêndios rurais".

Miguel Miranda explica porque apesar dos meios serem melhores, da experiência ser maior e do conhecimento de ser maior, duas componentes que ninguém pode alterar: a meteorologia e a economia.

"Nós não temos uma economia das zonas rurais que seja essencialmente sustentável fora das áreas que são geridas de forma industrial (...) A grande desorganização do espaço e o facto de não haver gestão (...) nós no momento em que o clima está mais difícil, nós precisamos de mais e melhor gestão, temos que ter uma economia sustentável ".

Clima em Portugal em dez anos

Com as alterações climáticas, os fenómenos extremos vão ser cada vez mais recorrentes e durante mais tempo.

"Vamos começar um período de estio que pode ser muito prolongado".

A Península Ibérica tem todas as características de que vai ser um deserto, daqui a 10 anos vai ser pior que agora, vai ser mais quente e em Portugal vai ser menos húmido, portanto, vai ser com menos precipitação.

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