Incêndios em Portugal

"Estes incêndios não são domináveis": País vive cenário "completamente anómalo"

O climatologista Carlos Câmara diz que em 20 anos de profissão "nunca" viu nada parecido com os incêndios que estão a atingir o país e que "já libertaram 1.000 megawatts". "Do ponto de vista meteorológico, é [um fenómeno] completamente anómalo".

Daniel Pascoal

Mais de cinco mil operacionais estão espalhados pelo país, em alerta até quinta-feira, a combater dezenas de incêndios ativos. As chamas já provocaram três mortes e deixaram mais de 40 pessoas feridas.

Segundo o climatologista Carlos Câmara, vivemos uma situação de perigo meteorológico excecional porque os “três elementos fundamentais para que haja incêndio se conjugam": “temos temperaturas muito elevadas, ar muito seco e ventos muito fortes”.

“A energia libertada pelos incêndios estão a atingir valores que, eu que ando aqui há 20 anos a olhar para isso, nunca vi. Ultrapassaram os 1.000 megawatts”, afirma o climatologista, que dá um exemplo: “Para terem uma ideia, a barragem da Aguieira, no Mondego, liberta 300 megawatts quando está em full power”.

Segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), pelas 09:00 estavam 23 incêndios rurais ativos, com maior incidência e motivando maior preocupação na Área Metropolitana do Porto e na região de Aveiro.

Cenário "completamente anómalo”

Carlos Câmara realça que, com tamanha energia libertada, “estes fogos não são domináveis” e “qualquer ignição pode levar a incêndios de grandes proporções”.

“Do ponto de vista vista meteorológico, é [um fenómeno] completamente anómalo”.

Ainda assim, o climatologista afasta comparações com o que aconteceu em Pedrógão Grande, em 2017, quando o país vivia um cenário “diferente para pior”, com “uma instabilidade atmosférica” que não se verifica hoje.

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