Incêndios em Portugal

Incêndio na Madeira: cinzas contaminam água em alguns locais

O incêndio na Madeira que está por dominar há 10 dias tem agora uma frente na Ponta do Sol. É certo que a situação está mais calma e as populações já começam a regressar a casa, mas há outro problema por resolver, a falta de água em algumas localidades.

Pedro Freitas

Ao início da tarde, o fogo descia a montanha e inclinava-se para o lado direito onde existem habitações, algumas com vários animais. Quase não havia vento, mas a temperatura superior a 30.º dificultava as operações.

Apreensivos, os moradores da Ponta do Sol exigiam mais descargas dos meios aéreos. Houve quatro durante a manhã desta sexta-feira.

“Após a passagem dos meios aéreos, [isso] resultou e conseguiu acalmar o fogo. Obviamente que ele continua a lavrar, é visível”, explicou Célia Pessegueiro, presidente da câmara municipal de Ponta do Sol. 

O presidente do Governo Regional pelo menos não via, ou não queria ver, e à mesma hora negava o fogo. 

“Como é que Miguel Albuquerque vai ver o que há aqui na Ponta do Sol se ele está para o lado do Pico do Areeiro”, disse à SIC uma habitante local. 

Durante a tarde, o vento soprava mais forte, as chamas ganhavam músculo e os bombeiros formavam um cordão para travar o progressão do fogo. Houve derrocadas, estradas encerradas por questões de segurança e algumas árvores consumidas pelas chamas tombaram. Os Canadair espanhóis voltavam a entrar em ação.

Em algumas regiões, o fogo está extinto e as populações começam a regressar, no entanto, quem mora na Fajã das Galinhas continua sem conseguir pôr o pé em casa. O incêndio tem agora uma frente na Ponta do Sol, a oeste da ilha.

“Passou o primeiro dia, o segundo dia, ao terceiro dia, isto já estava tudo descontrolado. Tinha de se ter pedido ajuda mais cedo, muito mais cedo. Com estes Canadair tenho a certeza que isto vai ter fim”, diz João Campanário, presidente da junta de freguesia de Ponta do Sol 

A proteção civil regional, entre informações e comunicados contraditórios à comunicação social, alguns sem qualquer adesão à realidade, confirmava que a situação melhorou, mas há outro problema por resolver, a falta de água em algumas localidades.

“As cinzas contaminaram esta água e o reservatório também. Nós tivemos que deitar o sistema abaixo, tirar toda a água que estava contaminada com esta cinza e voltar a enchê-lo com água de melhor qualidade”, explica Amílcar Gonçalves, responsável água e resíduos da Madeira.

As autoridades asseguram que não há perigo para a saúde pública e nos próximos dias a situação será reposta. O governo regional promete apoios a quem foi afetado pelo incêndio e a ministra do Ambiente também. 

“Temos o objetivo de plantar um número impressionante de árvores, nós temos de reflorestar o país”, revelou Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e da Energia. 

O Partido Socialista (PS) já pediu uma audição parlamentar urgente à ministra da Administração Interna. Quer esclarecer a gestão política do combate ao incêndio que 10 dias depois ainda está por dominar. A chuva prevista no fim de semana pode ser a ajuda decisiva que está a faltar

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