O incêndio que lavra desde 6 de agosto na Serra da Estrela e que atingiu os distritos de Castelo Branco e da Guarda foi dado como dominado pelas 23:30 de sexta-feira.
"O incêndio foi dado como dominado pelas 23:36, mas os trabalhos vão manter-se seguramente ao longo dos próximos dias para evitar qualquer reacendimento", disse Pedro Araújo, comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
Pedro Araújo realçou que "ainda se esperam muitas horas de trabalho pela frente" no terreno, onde se vai manter um elevado número de meios.
"A partir de agora entramos no que é conhecida como a fase de rescaldo e consolidação, depois havemos de passar a uma fase de vigilância, e tendo em conta a dimensão deste incêndio, grande parte destes meios vão-se manter no teatro de operações por muitas horas", frisou, prevendo que os trabalhos decorram "durante a próxima semana"
Mais de 17 mil hectares arderam no incêndio, segundo o sistema de vigilância europeu Copernicus. Segundo os dados disponíveis às 21:50, a área ardida neste fogo era de 17.179 hectares.
Reacendimentos preocupam operacionais
Deverá demorar alguns dias até que o incêndio que deflagrou há uma semana seja considerado extinto, devido à possibilidade de reativações. Pelo menos três reacendimentos, registados esta sexta-feira, preocuparam os operacionais. A atuação dos meios aéreos permitiu evitar que se tornassem frentes ativas.
Ainda existem pontos quentes e é nessas zonas que os operacionais vão centrar as atenções. Os bombeiros permanecem no teatro de operações para evitar estes pontos se tornem projeções e reativações.
As previsões meteorológicas para este sábado são mais favoráveis para os bombeiros, com a temperatura máxima a não passar os 30ºC. Também o vento deverá ser menos intenso.
Incêndio na Serra da Estrela quando terminar "merece ser estudado", diz Costa
Esta sexta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, disse que quando terminar, se poderá "estudar - e merece ser estudado - em pormenor o que foi acontecendo ao longo da fita do tempo e que poderia ter acontecido de forma diferente para evitar que ganhasse esta dimensão".
Quanto à falta de apoio europeu no combate aos incêndios em Portugal, António Costa justifica-o com o aumento de fogos em vários países da Europa.
Ao contrário do que acontecia habitualmente, onde os incêndios existiam sobretudo no sul da Europa, (...) infelizmente temos tido uma realidade em que se tem vindo alargar.
A associação ambientalista Quercus pediu uma avaliação independente ao incêndio na Serra da Estrela e questionou qual foi a intervenção da AGIF - Agência para a Gestão Integrada dos Fogos face a criticas à descoordenação de meios.
MAI vai visitar área ardida
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, admitiu que o incêndio na Serra da Estrela "é uma tragédia" ambiental e fez saber que irá visitar a zona ardida quando o fogo terminar.
Quero transmitir esta mensagem de solidariedade às comunidades locais pela forma como se têm mobilizado e dar uma palavra aos bombeiros e a todas as forças e serviços da proteção civil (...) é uma tragédia do ponto de vista do ambiente, da biodiversidade e do património ambiental
O incêndio deflagrou na madrugada de 6 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, e as chamas estenderam-se depois ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira.