Guerra Rússia-Ucrânia

Rússia acusa europeus de quererem prolongar a guerra no dia em que Macron recebeu representantes dos EUA

Apesar de todos os sinais de que é a Rússia que está determinada a prosseguir a invasão da Ucrânia, o Kremlin tenta apontar o dedo à Europa.

Cristina Neves

A Rússia não admite que tem como alvos ataques civis, e esta quinta-feira acusou a Europa de querer que a guerra na Ucrânia continue, numa altura em que representantes norte-americanos, ucranianos e europeus participaram em reuniões sobre o conflito na Ucrânia em Paris.

"Infelizmente, o que vemos da parte dos europeus é um enfoque na continuação da guerra", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência de notícia France-Presse (AFP).

Os ataques russos a alvos urbanos na Ucrânia têm-se intensificado nas últimas horas. Um ataque com drones fez dezenas de feridos e mortos em Dnipro, incluindo pelo menos uma criança.

A guerra arrasta-se há 1150 dias e as negociações, num impasse, vão mudando de palco.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu em Paris o chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, e o enviado especial dos Estados Unidos Steve Witkoff, que se reuniu na semana passada, pela terceira vez, com Vladimir Putin.

A chegada de uma delegação ucraniana a Paris não foi previamente anunciada. As conversações seriam entre Marco Rubio, Witkoff e as autoridades francesas, revela a agencia Reuters mas alargaram-se: Alemanha e Reino Unido participam também nas reuniões bilaterais e multilaterais.

França anunciou uma nova reunião entre norte-americanos, ucranianos, franceses, britânicos e alemães na próxima semana em Londres, após uma "excelente troca de impressões" sobre a Ucrânia, num formato "sem precedentes", em Paris.

Segundo o Eliseu, o encontro entre enviados destes cinco países "permitiu convergir" no objetivo de uma "paz sólida" entre Kiev e Moscovo, numa altura em que os europeus receiam, há semanas, ser postos de lado nas negociações de cessar-fogo entre os Estados Unidos e a Rússia.

Durante o encontro, os líderes ucranianos e europeus sublinharam o "apoio comum" ao "objetivo do Presidente Trump de pôr rapidamente fim à guerra na Ucrânia" e à "necessidade de um cessar-fogo completo o mais rapidamente possível", disse um conselheiro de Macron.
Este cessar-fogo deve ser "baseado na linha de contacto [linha da frente] tal como está", tendo em conta os territórios ucranianos "ocupados pela Rússia", disse o Eliseu.

Os encontros em Paris decorrem numa altura de crescente antagonismo dos Estados Unidos em relação ao velho continente.

A imprensa ucraniana destaca esta quinta-feira um artigo na revista The Economist que relatava o desagrado de alguns conselheiros de Trump, pelos esforços da Europa em fortalecer as forças ucranianas.

A integridade territorial da Ucrânia é uma linha vermelha para Kiev, mas o enviado de Trump insiste que a questão chave é o futuro das regiões ucranianas anexadas pela Rússia.

Com Lusa

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