Um comandante ucraniano instou Volodymyr Zelensky a intervir no caso de um soldado britânico que foi condenado a 12 meses de prisão após desertar da sua unidade militar para lutar na Ucrânia.
Alexander Garms-Rizzi, de 21 anos, escapou do seu regimento enquanto estava destacado na Estónia para se juntar à legião estrangeira da Ucrânia. Durante seis meses, lutou na linha de frente, perto da cidade do Sul de Mykolaiv, antes de regressar ao Reino Unido.
Em julho, tornou-se o primeiro soldado britânico a ser preso por desertar o exército e por se alistar às forças armadas da Ucrânia. Alexander “desobedeceu a ordens” e criou um "risco de segurança", foi dito em tribunal.
Mas, agora há quem queira uma reviravolta do caso. Uma dessas pessoas é Roman Kostenko, um político e coronel das forças especiais, que veio dizer que Alexander tinha servido na Ucrânia sob o seu comando pessoal. O soldado fez parte de um regimento de infantaria e foi um dos 10 voluntários estrangeiros que, na primavera de 2022, ajudaram Kostenko a repelir o avanço russo em torno de Mykolaiv.
“Ele chegou pouco depois da invasão. Embora seja um jovem, era um soldado realizado”, disse Kostenko. “Falava russo fluente e serviu como tradutor. Ele partilhou a experiência militar dele connosco, incluindo como usar armas de fabrico estrangeiro".
Talvez pela mãe de Alexander ser russa, ele “considerava que estava a lutar contra um grande mal”, explicou Kostenko ao recordar as conversas que tinham.
Kostenko é um deputado pelo partido pró-europeu Golos e presidente do comité de inteligência do Parlamento ucraniano. Dada a proximidade com o caso, o coronel não deixou passar esta situação e escreveu a Zelensky a pedir para abordar a detenção de Alexander com o Governo britânico.
"Na unidade a que ele se juntou desempenhou bravamente e profissionalmente missões de combate no sul da Ucrânia, juntamente com os defensores ucranianos", lê-se na carta.
“Ele compreendia a importância estratégica de defender a Ucrânia”
"Tive a oportunidade de o conhecer pessoalmente no campo de batalha e de ver como ele, como parte de um grupo, defendeu as nossas terras de forma altruísta e corajosa. Apesar da sua jovem idade, na época com 19 anos, ele compreendia a importância estratégica de defender a Ucrânia”, acrescentou, pedido a “possibilidade de um perdão."
Para além da carta, Kostenko também levantou o caso pessoalmente com o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. O comandante apresentou uma proposta no Parlamento da Ucrânia, instando Zelensky a agir.
O coronel reconheceu que, efetivamente, o soldado violou a lei militar do Reino Unido, mas que as ações foram justificáveis, numa altura em que a Rússia bombardeava cidades e assassinava civis.
"A sua escolha foi acertada, do ponto de vista da humanidade", disse Kostenko, mencionando ainda que a presença de Alexander na Ucrânia teve um efeito positivo na linha de frente”, acrescentou.
O jovem está a cumprir a sua sentença num centro de detenção militar.
“A ordem para não ir para a Ucrânia não poderia ter sido mais clara. A ordem foi dada para proteger as forças britânicas de serem arrastados para o conflito”, foram as declarações do juiz, citadas pelo The Guardian.
Abordado pelo The Guardian para falar sobre o assunto, um porta-voz do exército britânico disse que "os militares em serviço têm o dever para com as forças armadas do país. Não estão autorizados a estar ausentes e a juntar-se a serviços estrangeiros enquanto estão ao serviço”.