Germano Almeida, comentador da SIC, considera o texto final da cimeira do G20 uma das declarações mais assertivas da guerra. Na Edição da Manhã, defende ainda que as garantias dadas por Lula da Silva de que Putin não será preso no Brasil na próxima cimeira do G20 são "lamentáveis".
Mesmo sem críticas é Rússia, declaração foi assertiva
Sobre a ausência de críticas no texto final da cimeira do G20 à invasão da Rússia à Ucrânia, Germano Almeida considera que, apesar do descontentamento da Ucrânia, é uma das "declarações escritas mais assertivas" desde o início da guerra.
"Não vejo com tanto desapontamento como Kiev viu a declaração. Incluo-me mais na reação do Conselho de Segurança Nacional americano ou do próprio Presidente Macron. Embora não tivesse a palavra 'Ucrânia', a declaração é bastante assertiva", afirma.
Nesse sentido, Germano Almeida lembra que a declaração refere que nenhum estado tem o direito de tomar pela força territórios de outro estado.
Os líderes do G20, que estavam divididos quanto à atitude a adotar em relação à guerra, não mencionaram a "agressão da Rússia" no texto final.
Declaração de Lula foi "lamentável"
O comentador da SIC considera "absolutamente lamentável" as declarações do Presidente do Brasil, país que vai acolher a cimeira do G20 no próximo ano.
Lula da Silva garantiu que o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, não será detido se for à cimeira do G20 do Rio de Janeiro.
"É preciso explicar ao Sr. Lula, que é uma pessoa tão experiente, que não é o Presidente do Brasil que decide relativamente a uma questão de justiça, são os tribunais", diz.
Além disso, Germano Almeida considera ainda que Lula da Silva desvaloriza o ataque da Rússia.
"Também disse que Putin e Zelensky têm de se juntar no conselho de segurança e tem que se explicar aos dois que não deve haver guerra. Não, ele tem de explicar ao agressor, que é Putin. Zelensky está a defender o seu país. Eu queria perguntar ao Sr. Presidente do Brasil se atacassem o país, se ele ficava passivo a assistir", salienta.
EUA querem resultados da contraofensiva
Os EUA deram 45 dias à Ucrânia para ter resultados na contraofensiva.
"Já sabemos que no final da contraofensiva a Ucrânia não vai conseguir recuperar todo o território, mas também sabemos que eventualmente vai ter alguns avanços que colocam a Rússia em problemas", afirma o especialista.
Na Edição da Manhã, defende ainda que Kiev terá condições após a contraofensiva para entrar numa "nova fase da guerra", uma vez que tem garantias dos F-16.
Eleições
Germano Almeida realça ainda que é ilegal a Rússia ter alargado as eleições regionais e municipais às regiões anexadas à Ucrânia (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia).
"Já é discutível a legalidade no próprio território russo. Alargar a territórios ocupados é ilegal".
A Comissão eleitoral central da Rússia indicou este domingo que o partido Rússia Unida do Presidente Vladimir Putin venceu por confortável maioria as eleições regionais nos quatro territórios anexados por Moscovo na Ucrânia.