Antony Blinken está em Kiev a cumprir mais uma visita do secretário de Estado norte-americano à Ucrânia desde o início da guerra. É esperado o anúncio de um novo pacote de ajuda dos EUA. Blinken foi recebido pelo ministro ucraniano dos Negócios Estrageiros e também deverá reunir-se com Volodymir Zelensky. O comentador da SIC Manuel Poêjo Torres realça a importância deste encontro, na análise feita esta quarta-feira à atualidade internacional
O encontro entre Blinken e Zelensky é “simbólico, marcante, especialmente nesta altura da campanha da contraofensiva ucraniana. É um momento marcante porque a Ucrânia necessita continuamente de mais apoio e esse apoio traduz-se nos mísseis de longo alcance que nenhum aliado ainda conseguiu oferecer”, sublinha Manuel Poêjo Torres e lembra também que os mísseis de longo alcance ”acabam por quebrar aquilo que são os pontos finais das linhas vermelhas da Rússia, porque podem ser utilizados para atacar diretamente território russo e isso não é algo que os ocidentais ou os aliados desejem".
Horas antes da chegada de Blinken, a madrugada na capital ucraniana foi marcada por vários ataques russos. As autoridades garantem que os sistemas de defesa abateram todos os drones.
Em Kiev, o secretário de Estado norte-americano reforçou o empenho dos EUA em apoiar a Ucrânia e destacou ainda a bravura, a coragem e a resistência do povo ucraniano.
"Desde a última cimeira da NATO foi criado um conselho NATO-Ucrânia, da mesma forma como a NATO tem ainda um Conselho NATO-Rússia, que está neste momento congelado, mas que é outra forma, outro canal de comunicação que a Ucrânia tem para conversar diretamente com o seu parceiro americano. Sabemos que Biden não tem viajado tanto quanto nos primeiros anos do seu mandato, agora é Blinken que assume esta este papel".
Ligação cada vez mais estreita entre a Rússia e a Coreia do Norte
De acordo com o jornal The New York Times, que cita autoridades dos EUA, o líder norte-coreano Kim Jong-un está a planear uma visita à Rússia este mês, onde manterá um encontro com o Presidente Vladimir Putin sobre a possibilidade de Pyongyang entregar mais armas a Moscovo para a guerra na Ucrânia. Uma situação que viola uma resolução das Nações Unidas, como explica Manuel Poêjo Torres.
“A Rússia, em 2006, tal como outros membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e os membros não permanentes aprovaram em 14 outubro de 2006 várias resoluções, uma delas a resolução 17/18, que compromete a compra de material militar à Coreia do Norte. Portanto, segundo esta resolução não pode haver transferência de material, não pode haver compra de munições ou de blindados ou de peças sobresselentes”.
“Uma violação não apenas da resolução que a Rússia subscreveu em 2006. É também uma inversão total de política russa desde do princípio da década e isto é terrível e é terrível porque a Rússia vê-se obrigada a ir fazer negócios, violando o Direito Internacional, violando a sua própria palavra, violando os seus objetivos internacionais na recriação de uma nova arquitetura de defesa com um dos seus principais competidores regionais, que se chama China”, sublinha.
“Mensagem subliminar” dos EUA em relação a Taiwan
Sobre a posição dos Estados Unidos face a Taiwan, o comentador da SIC observa uma “mensagem subliminar” das autoridades norte-americanas.
"Taiwan é um caso bicudo, porque não é considerado uma nação independente. Os Estados Unidos da América continuam a reafirmar aquilo que é a política de uma só China, no entanto os Estados Unidos, curiosamente, aprovaram um programa de apoio de 80 milhões de dólares em apoio militar à ilha de Taiwan.
Há, portanto, aqui uma mensagem subliminar que é, por um lado, continuar a dizer uma só China, para os chineses e, por outro lado, um apoio concreto àquilo que é a soberania de Taiwan".