Guerra Rússia-Ucrânia

Ataques com drones em Moscovo: “A Ucrânia consegue chegar ao coração russo"

Na análise aos últimos desenvolvimentos da guerra da Ucrânia, a investigadora Daniela Nunes começa por referir que os ataques com drones na capital russa, que em parte já foram reivindicados pelo Presidente Zelensky, significam acima de tudo que "Moscovo não é impenetrável".

SIC Notícias

Dois edifícios em Moscovo foram atingidos por drones, num ataque reivindicado por Kiev que provocou danos materiais perto do Ministério da Defesa. O ataque acontece depois da destruição da maior catedral de Odessa. A Rússia acusa a Ucrânia de terrorismo e promete retaliar. É por aqui que começa a análise da investigadora no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, Daniela Nunes, aos últimos desenvolvimentos da guerra na Ucrânia.

“A preocupação relativamente a estes ataques recentes deve ser sobretudo a preocupação do Kremlin e da Rússia, porque chegar a Moscovo é chegar à capital e chegar à capital é chegar ao coração dos acontecimentos”,

No caso de um desses ataques, "acredita-se que que o alvo seria exatamente o Ministério da Defesa, que é particularmente simbólico, até tendo em conta os episódios que aconteceram o mês passado com os Wagner", refere Daniela Nunes.

Estes ataques, que em parte já foram reivindicados pelo próprio Presidente Zelensky, significam acima de tudo, na opinião da investigadora, que “a Ucrânia consegue chegar ao coração russo", que “Moscovo não é impenetrável e a imagem da Rússia sai fragilizada”.

Ataques às rotas de cereais e tensão nas linhas de fronteira

Sobre os sinais de preocupação que vêm da Roménia e da Moldávia, com os últimos ataques às rotas de cereais, nomeadamente a do rio Danúbio, Daniela Nunes considera que "aquilo que Putin está a tentar fazer é o óbvio, que é: se não fazem comigo, não fazem com mais ninguém e portanto, eu vou acabar com qualquer que seja a vossa tentativa de alternativa”.

Em relação à tensão existente nas linhas de fronteira, nomeadamente na Polónia, onde se verifica um reforço militar desde que foi anunciada a presença do Grupo Wagner na Bielorrússia. A Polónia tem, naturalmente, apresentado alguns receios.

“Sabemos que reforçou a sua fronteira com a Bielorrússia, designadamente com o envio de cerca de 1.000 soldados para esta fronteira, o que obviamente hostilizou Putin e hostilizou o Kremlin. Putin veio fazer um discurso, relativamente a este reforço polaco, um bocadinho hostil e um bocadinho desprezível e é preciso olhar para esse discurso com alguma cautela, aquilo disse coisas graves e de alguma maneira colocou a Polónia numa posição cuja existência se deve a uma espécie de santidade Soviética desde do final da Segunda Guerra Mundial, o que revela algum desdém e algum fastio que em política Internacional são muito feios", declarações de Putin que apesar de não surpreenderem podem preceder “apetites e egos da parte dos ditadores para os quais precisamos de olhar com muito cuidado”, sublinha a investigadora.

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