O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse esta terça-feira que uma inspeção revelou que as farmácias estão a registar lacuna no fornecimento de alguns medicamentos. Num encontro com responsáveis do Governo de Moscovo, o Presidente russo referiu também que, como consequência das falhas no abastecimento, certos medicamentos ficaram mais caros.
A Rússia está a sofrer no setor da saúde o impacto da guerra na Ucrânia, que iniciou precisamente há 11 meses. Apesar de não estarem incluídos no pacote de sanções dos países do Ocidente, o fornecimento de medicamentos acaba por ser afetado pela dificuldades no transporte, principalmente devido às questões de seguranças que afetam o abastecimento de bens de primeira necessidade.
No final da semana passada, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) anunciou que estão a ser analisadas "medidas adicionais" para minimizar o impacto da escassez de antibióticos na Europa, agravada devido à guerra na Ucrânia, à crise energética e à inflação.
"A Comissão Europeia, a HMA [entidades reguladoras nacionais] e a EMA estão a cooperar estreitamente para analisar se poderão ser tomadas medidas adicionais para mitigar o impacto destas carências", adiantou a agência europeia.
Em comunicado, o Grupo Executivo sobre Escassez e Segurança de Medicamentos (MSSG) adiantou que a falta de medicamentos tem sido uma "preocupação permanente para a saúde pública", mas a situação na União Europeia (UE) tem sido agravada pela guerra na Ucrânia, pela crise da energia e pelas elevadas taxas de inflação.
O MSSG foi criado em março de 2022 e integra representantes dos Estados-membros da UE, da Comissão Europeia e da EMA.
"Um recente aumento das infeções respiratórias levou a um aumento da procura de antibióticos como a amoxicilina, especialmente com formulações pediátricas", explicou ainda o regulador europeu.
Além disso, as dificuldades de produção destes fármacos "conduziram a problemas de abastecimento que afetam a maioria dos Estados-membros", reconheceu a agência europeia, ao adiantar que os problemas de fornecimento atingem também outros países fora da UE.
A Associação Nacional das Farmácias (ANF) disse à Lusa que tem registado um agravamento da escassez de medicamentos em Portugal desde o último trimestre de 2022, mas assegurou que têm existido alternativas no mercado para os fármacos em falta.
O Infarmed monitoriza diariamente a informação sobre as faltas, as ruturas e as cessações de comercialização de medicamentos, no sentido de identificar e evitar as situações críticas que possam afetar a sua disponibilidade.
Mensalmente é definida a lista de medicamentos cuja exportação é temporariamente suspensa e que inclui os fármacos em rutura no mês anterior cujo impacto tenha sido considerado médio ou elevado conforme o regulamento da disponibilidade.