O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, acusou esta terça-feira o Ocidente de considerar a Ucrânia como “material descartável na guerra híbrida” que está a travar contra a Rússia.
“Ninguém precisa da Ucrânia. A Ucrânia é material descartável na guerra híbrida total contra a Federação Russa”, disse o chefe da diplomacia russa numa conferência educacional com o tema “Novos Horizontes”, citado pela agência espanhola EFE.
Lavrov disse que esta circunstância “não levanta quaisquer dúvidas na mente de ninguém e foi declarada publicamente”.
“Josep Borrell, o diplomata de topo da União Europeia, diz que nesta guerra, a vitória deve ser alcançada no campo de batalha”, referiu.
Segundo Lavrov, as autoridades norte-americanas e britânicas argumentam que não se pode permitir que a Rússia vença, que deve ser derrotada.
“Por outras palavras, a guerra que declararam não é entre a Ucrânia e a Rússia, mas entre o Ocidente e a Rússia (…). Tornou-se uma expressão comum que o Ocidente está pronto a lutar até ao último ucraniano. É muito correto”, acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Lavrov disse que a Ucrânia não é independente nas suas decisões, mesmo que as autoridades de Kiev o afirmem, e deu como exemplo as negociações russo-ucranianas após o início da “operação militar especial” da Rússia na Ucrânia, a 24 de fevereiro.
“Temos informações através de vários canais de que Washington e especialmente Londres estão a orientar os negociadores ucranianos e a regular a sua capacidade de manobra, e talvez tenham representantes diretamente em território ucraniano”, afirmou Lavrov.
O chefe da diplomacia russa acusou ainda os EUA e os seus aliados de quererem prolongar o conflito na Ucrânia.
“Quanto mais tempo durar, mais danos, ao que lhes parece, causará aos militares russos, à própria Rússia”, justificou.
Lavrov disse também que Moscovo tem informações de que Kiev não recebeu confirmação do Ocidente de que será o garante da segurança da Ucrânia.
“Isto também mostra que o Ocidente não precisa particularmente da Ucrânia, exceto como ‘ponta de lança’ para irritar permanentemente a Federação Russa, para criar ameaças à nossa segurança”, insistiu.
Com LUSA
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