Catarina Martins considerou esta segunda-feira que só dá jeito ao PSD falar do caso de acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal, apesar de existirem problemas noutras autarquias, e alegou desconhecer a ideia de Luís Montenegro para uma comissão de inquérito.
“Desconheço essa iniciativa. O que lhe digo é que nós, logo no primeiro momento, fizemos um exaustivo pedido de esclarecimentos ao Governo. Foram detetados problemas em Setúbal, também foram detetados problemas noutras autarquias (…). Percebo que para o PSD dê jeito só falar de Setúbal”, afirmou Catarina Martins no final de uma audiência com o Presidente da República, no Palácio de Belém.
No domingo, o candidato Luís Montenegro à liderança do PSD exortou a oposição no Parlamento a constituir uma comissão de inquérito ao processo de acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal por cidadãos russos com alegadas ligações ao Kremlin.
“Queria instar a oposição parlamentar a poder avaliar a possibilidade de constituir uma comissão parlamentar de inquérito sobre este caso, para que seja apurada a verdade com rapidez, com competência e independência, e para se poder ultrapassar o bloqueio que o PS está a fazer”, disse Luís Montenegro à agência Lusa.
A coordenadora bloquista disse ainda que “há muito poucas explicações até agora” sobre o assunto dos refugiados ucranianos em Setúbal e que os problemas no acolhimento dessas pessoas estão a adensar-se.
“Há até crianças que perderam intérpretes de ucraniano nas escolas”, referiu.
Para Catarina Martins, foi com “enorme perplexidade” que recebeu o chumbo, por parte do PS, do requerimento para ouvir em sede de comissão parlamentar o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins.
O PS justificou o chumbo, na passada sexta-feira, com a “separação de competências” entre a Assembleia da República e as autarquias, mas não convenceu os partidos da oposição.
Na Comissão de Assuntos Constitucionais, a maioria dos partidos da oposição contestou o argumento invocado pelo PS para rejeitar a audição de André Martins, recordando o caso da audição de Fernando Medina – sobre o caso da partilha de dados pessoais de ativistas russos contestatários do regime de Moscovo com a embaixada da Rússia em Portugal.
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