O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, afirmou que os Estados-membros da União Europeia que se opõem a um embargo ao petróleo russo são “cúmplices de crimes de guerra”.
“Se um país da Europa continua a opor-se a um embargo ao petróleo russo, então haverá boas razões para dizer que esse país é cúmplice dos crimes cometidos pela Rússia em território ucraniano”, declarou Kuleba, num vídeo transmitido em direto na rede social Twitter.
“Se um país se opõe a um embargo ao petróleo russo, isso significa uma coisa: esse país está do lado dos russos e partilha a responsabilidade por tudo o que é feito pela Rússia na Ucrânia”, argumentou ainda o chefe da diplomacia ucraniana.
Hungria rejeita proposta de embargo ao petróleo russo
Kuleba emitiu estas declarações depois de a Hungria, fortemente dependente do petróleo russo, ter hoje rejeitado uma proposta da Comissão Europeia de embargo ao petróleo russo. Budapeste criticou a ausência de “garantias” para a sua segurança energética nessa proposta “na sua forma atual”.
“Não é uma questão de falta de vontade política ou de data, mas simplesmente a realidade física, geográfica e das infraestruturas”, justificou o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó.
UE proíbe progressivamente importações de petróleo
A União Europeia (UE) quer reforçar as suas sanções a Moscovo proibindo progressivamente as importações de petróleo, com o objetivo de “fazer [o Presidente russo] Vladimir Putin pagar um preço elevado” pela sua guerra contra a Ucrânia, tinha anunciado horas antes a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
As suas propostas foram transmitidas na terça-feira à noite aos 27 Estados-membros da UE, chamados a aprová-las.
O MNE ucraniano, por seu lado, “saudou” tais propostas, mas contestou o modelo temporal progressivo delas constante – desistência do abastecimento de petróleo em seis meses e de produtos derivados até ao fim de 2022 -, embora acrescentando: “Mas é melhor que nada”.
“O tempo das meias-sanções acabou”, comentou ainda, criticando “uma situação absurda” em que a UE “impõe várias sanções” à Rússia na sequência da sua invasão da Ucrânia, “enquanto continua a pagar [a Moscovo] pelo seu gás e o seu petróleo”.
Os europeus comprometeram-se em março a livrar-se “gradualmente” e “assim que possível” da sua dependência do gás, do petróleo e do carvão russos.
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