Guerra Rússia-Ucrânia

Crimes de guerra na Ucrânia: perito forense da ONU diz que “já temos muitas evidências para tirar conclusões”

Duarte Nuno Vieira explica como são feitas as investigações.

Duarte Nuno Vieira, perito forense da Organização das Nações Unidas (ONU) e presidente da Academia Nacional de Medicina, assume, em entrevista à SIC Notícias, que “já temos muitas evidências para tirar conclusões”.

“Neste momento parecem existirem já evidências suficientes para se fazer a afirmação que há aqui já contextos de crimes de guerra, a partir do momento em que o procurador do Tribunal Penal Internacional utilizou já essa expressão e isso deverá significar que ele está já na posse de informações e de evidências suficientes que lhe permitem utilizar esse tipo de expressão”, diz.

O perito forense da ONU explica que “a maior parte destas perícias médico-legais e forenses vão ser concretizadas a posteriori, quando o conflito terminar e quando todas estas valas vierem a ser exumadas para se recuperarem os corpos que lá estão, para serem corretamente identificados e devolvidos às famílias”.

“As investigações que se estão a realizar […] vão procurar apurar qual foi a causa da morte daquelas vítimas […] e em que circunstâncias é que essas mortes ocorreram. […] o que está em causa é averiguar se foram cometidos crimes de guerra e os crimes de guerra são definidos por aquilo que acontece quando uma das partes em conflito ataca voluntariamente, quer objetivos, tanto humanos como materiais não militares. […] é expectável que numa guerra haja sempre vítimas […] civis, não militares, mas é preciso avaliar se essas vítimas foram acidentalmente atingidas ou intencionalmente […]. O estudo que vai ser realizado nesses corpos vai procurar aferir se essas pessoas morreram de morte natural […], mas também ver  se foram mortes violentas”, afirma.

Duarte Nuno Vieira diz que “só as autópsias é que vão permitir recolher todos os indícios que nos permitem perceber se há mortes que corresponderam a execuções arbitrárias, a maus-tratos, se foram verdadeiramente intencionais ou se foram aquelas mortes acidentais de civis […]. Ao mesmo tempo, estas exumações vão ter também um objetivo humanitário, que é o tentar dar nome a cada um daqueles corpos, identificar esses corpos para que eles possam ser devolvidos às famílias, para que as famílias possam mais tarde, obviamente, concretizar as homenagens fúnebres”.

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