O embaixador russo nas Nações Unidas afirmou esta segunda-feira que “nem um único residente de Bucha sofreu qualquer violência às mãos dos russos”, classificando como uma “encenação” as imagens de cadáveres nas ruas e valas comuns na cidade ucraniana.
“Foi encenado. (…) é uma falsa narrativa apresentada por Kiev”, disse o diplomata Vassily Nebenzia, numa conferência de imprensa que convocou hoje na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, para abordar as acusações de tortura e morte de civis em Bucha.
“Nem um único residente de Bucha sofreu qualquer violência às mãos dos russos“, acrescentou o embaixador.
Vassily Nebenzia prometeu ainda apresentar na terça-feira, numa reunião no Conselho de Segurança, provas de que as agressões contra civis têm partido dos próprios ucranianos.
“Quero apresentar-vos provas reais de Bucha. Enquanto a cidade estava sob o controle do exército russo, nenhum morador foi vítima de qualquer ato de violência. Durante esse período, os moradores movimentavam-se livremente. Eles usavam telemóveis para publicar qualquer foto ou vídeo de alguma violência, se fosse o caso. Mas não aconteceu”, argumentou Nebenzia.
Centenas de civis mortos foram encontrados em Bucha, uma cidade a 60 quilómetros de Kiev, espalhados na rua, nalguns casos com as mãos amarradas nas costas e atirados em valas comuns, tendo as autoridades ucranianas e os seus aliados acusado os soldados russos de terem cometido esses crimes quando abandonaram a cidade.
MOSCOVO REJEITA QUALQUER RESPONSABILIDADE
Algumas imagens foram mostradas depois de as autoridades terem admitido estarem a fazer vídeos para documentar provas dos alegados crimes de guerra, provocando uma condenação internacional quase unânime.
O conselheiro do Presidente ucraniano Oleksiy Arestovych considerou as imagens como uma “cena de um filme de terror”, referindo que algumas pessoas estavam amarradas e baleadas na cabeça e que os corpos mostravam sinais de tortura, existindo ainda relatos de violações.
Na ONU, o embaixador russo questionou como é que no sábado a Guarda Nacional da Ucrânia divulgou um vídeo da entrada em Bucha e não mostrou, nem mencionou, a existência de massacres na cidade.
“O vídeo [do massacre] com os corpos aparece em 3 de abril, cheio de discrepâncias e mentiras óbvias. Os corpos estão nas ruas há pelo menos quatro dias, mas não estão rígidos. Como é que isso é possível? Isso é contra as leis da biologia. Não há sinais de deterioração”, afirmou.
“De repente corpos aparecem. (…) É encenado, é falso, é uma provocação. Temos provas de que foi organizado pela máquina de guerra de informação ucraniana”, disse Vasily Nebenzia.
Além de alegar que os cadáveres de civis assassinados em Bucha não estão relacionados com o exército russo, o diplomata acusou ainda os ucranianos de matar pessoas que usavam fitas brancas nas mãos, sinal de que eram civis enquanto a cidade estava sob controlo russo.
Vassily Nebenzia teceu ainda duras críticas ao Reino Unido por ter recusado uma reunião do Conselho de Segurança pedida pela Rússia, “algo inacreditável e sem precedentes na história das Nações Unidas”.
“Nunca negamos uma reunião do Conselho de Segurança durante as nossas presidências. É um abuso sem precedentes” por parte do Reino Unido, segundo o russo.
Numa mensagem nas redes sociais, a embaixadora britânica na ONU, Barbara Woodward, defendeu que o país não vai permitir que a Rússia “abuse” da posição no Conselho de Segurança, no qual tem assento permanente, para promover “mentiras e propaganda”.
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