Guerra Rússia-Ucrânia

Negociações entre Kiev e Moscovo retomadas por videoconferência esta sexta-feira

As conversas terão como foco o quadro de paz apresentado pela Ucrânia na última ronda de negociações que aconteceu em Istambul, na Turquia.

Kiev e Moscovo regressam esta sexta-feira à mesa das negociações por videoconferência.

Um dos membros da delegação ucraniana, David Arakhamia, avançou na quinta-feira que as conversas terão como foco o quadro de paz apresentado pela Ucrânia na última ronda de negociações que aconteceu em Istambul, na Turquia.

Moscovo considerou que houve um “avanço positivo” nas negociações. Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, disse que apesar de as conversações ainda não terem chegado ao fim, há um progresso “substancial”.

No entanto, e apesar de os dois lados considerarem que existiu um avanço positivo, Kiev continua a ter dúvidas sobre o compromisso da Rússia, por não ter havido um sinal real de recuo no norte do país, como tinha prometido. A Ucrânia diz que o Kremlin poderá estar a ganhar tempo.

Enquanto isso, a Rússia alarga a lista de sanções contra a União Europeia, que passa a incluir não só a maioria dos membros do Parlamento, comissários, mas também chefias militares e jornalistas. Já o porta-voz do Kremlin nega as alegações de desorientação militar russa na Ucrânia. Para além destas sanções, Putin assinou esta quinta-feira um decreto para que gás russo passe a ser pago em rublos a partir de abril.

A delegação ucraniana terá proposto uma conversa entre Putin e Zelensky, mas o Kremlin recusou. Afirma que, para já, ainda há trabalho a fazer antes desse eventual encontro. Entretanto, também Kiev disse que não será possível um encontro entre os Presidentes da Rússia e da Ucrânia nas próximas duas ou três semanas.

Mykhailo Podolyak, negociador ucraniano, explicou que nas reuniões realizadas até agora com a Rússia – como a ronda de terça-feira, em Istambul – não foram abordados os temas da situação na península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, ou na região de Donbass, onde Moscovo reconhece a independência das repúblicas separatistas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavuşoğlu, já disse que o objetivo da Turquia é reunir Lavrov e Kuleba para novas negociações.

“Poderá haver uma reunião de nível superior, pelo menos ao nível dos ministros dos Negócios Estrangeiros, dentro de uma ou duas semanas”, disse. “O que importa é que os dois lados se unam e concordem com um cessar-fogo duradouro.”

Çavuşoğlu acrescentou também que foram feitos “progressos significativos”, mas ressalvou que alguns podem ter sido “manobras táticas” e que pouco mudou no terreno.

Os primeiros-ministros da Noruega e da Itália apelaram, em conversas telefónicas com o Presidente russo, à urgência de um cessar-fogo por questões humanitárias e para poder discutir a paz. Putin terá dito a Mário Draghi que as conversações não estavam amadurecidas o suficiente.

O Kremlin já rejeitou alguns elementos-chave das propostas de paz da Ucrânia.

Um dos pontos da proposta ucraniana é um tratado multilateral entre os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido), para além de vários outros países como Alemanha, Turquia ou Canadá, para garantir a segurança da Ucrânia.

A NATO suspeita que Rússia não está a retirar as tropas da Ucrânia, mas sim a reposicioná-las. O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse esta quinta-feira que, de acordo com os serviços de informações da Aliança Atlântica, a Rússia não está a retirar as suas tropas da Ucrânia, mas sim a reposicioná-las, sendo de esperar “ofensivas suplementares”. Acrescentou ainda que não se pode confiar nos anúncios do Kremlin, já que as autoridades russas têm mentido “repetidamente”.

Zelensky multiplica-se em presenças nos Parlamentos de todo o mundo. Austrália, Bélgica e Países Baixos ouviram o Presidente ucraniano alerta que a Rússia está só a tentar ganhar tempo. Pediu mais armas, mais isolamento da Rússia e ajuda na reconstrução da Ucrânia.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garante que a Rússia está a preparar ataques “poderosos” na região separatista do Donbass e que os russos estão a tentar fixar a sua presença em Kherson. Zelensky afirma que vão “fazer tudo” para “travar os ocupantes e libertar” os territórios.

Podolyak considera que um acordo entre os dois países poderá ser assinado nos próximos dias, o que vai abrir caminho para uma reunião entre os presidentes da Rússia e Ucrânia. O principal negociador da Rússia também deu a entender que seria possível.

Conflito Ucrânia – Rússia

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