Guerra Rússia-Ucrânia

Partidos portugueses condenam “ataque criminoso” da Rússia e solidarizam-se com o povo ucraniano

Este é “um dos dias mais tristes do pós-Guerra Fria”, diz Rui Rio. IL e Chega também já reagiram à invasão russa.

Os partidos portugueses já condenaram a invasão russa, levada a cabo na manhã desta quinta-feira, considerando que o povo ucraniano está perante um “ataque criminoso”. É, por isso, importante uma resposta da Europa, e de Portugal, aos portugueses e famílias ucranianas.

O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, anunciou esta madrugada o início de uma operação militar na Ucrânia, alegando que se destina a proteger civis de etnia russa nas regiões de Donetsk e Lugansk que reconheceu como repúblicas independentes na segunda-feira.

Em reação a essa decisão, o primeiro-ministro, António Costa, escreveu na sua conta na rede social Twitter, ainda antes de falar aos portugueses, que condena “veementemente a ação militar da Rússia” e informando que já pediu ao Presidente da República uma “reunião urgente do Conselho Superior de Defesa Nacional”.

Horas mais tarde, também via Twitter, o presidente do PSD classificou a ação militar da Rússia na Ucrânia como “ilegal, desnecessária e inaceitável”, defendendo que deve acarretar “fortes punições”. Rui Rio considera ainda que o dia de hoje como “um dos dias mais tristes do pós-Guerra Fria”.

Apesar de lhe ter sido oferecida a paz, a Rússia optou pela guerra. A decisão de invadir a Ucrânia é ilegal, desnecessária e inaceitável. E, com o mundo a ver, é preciso deixar claro que estas ações acarretam fortes punições”, defendeu.

A Iniciativa Liberal (IL) manifesta-se “solidária com o povo ucraniano, sob ataque criminoso do regime autocrático russo, um ataque a todo o mundo livre”.

“Um povo na linha da frente com enorme dignidade e coragem no regresso das trevas da guerra à Europa. Portugal deve ajudar imediatamente os portugueses na Ucrânia e as famílias ucranianas em Portugal“, acrescenta a IL.

Também o Chega “condena veementemente a agressão levada a cabo (…) pela Rússia à Ucrânia”, sustentando que “a soberania de um país é um dos pilares fundamentais do ADN europeu e a invasão que está em curso é um atentado a este princípio“.

Solidário com o povo ucraniano, o partido liderado por André Ventura vinca que a “posição assumida pela Rússia deve ser alvo, não só das mais severas condenações públicas e políticas, como também de duras sanções económicas“. Neste sentido, pede a todos os Estados-membros da União Europeia para que “se mantenham firmes e unidos na condenação a este ato vil que coloca em causa a estabilidade social, económica e política internacional”.

Ao início da tarde, o Partido Socialista (PS) assumiu a mesma posição, sustentando que “no século XXI a solução para qualquer visão alternativa ou desentendimento deve ser sempre a via diplomática”, condenando fortemente o ataque militar da Rússia contra a Ucrânia e apelando à “retirada imediata”.

Apoiamos firmemente a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Uma palavra de solidariedade para com o povo ucraniano e muito em particular à comunidade ucraniana presente no nosso país. Reiteramos a mensagem do nosso primeiro-ministro de que estamos prontos a acolher e apoiar aqueles que decorrentes destes atos de violência viram as suas vidas dilaceradas“.

Acrescenta ainda o PS que “o apoio às populações afetadas é urgente e todo o apoio lhes deve ser urgentemente facultado. Continuaremos a lutar por uma posição clara e consistente a nível da UE, bem como por sanções com repercussões económicas para os responsáveis por esta agressão”.

O PAN manifesta “solidariedade para com o povo ucraniano, não só com todos aqueles que estão neste momento a ser afetados pela invasão russa, como também apelar ao Governo que receba e que promova o reagrupamento familiar de todas as pessoas que possam querer vir para Portugal”, afirmou a porta-voz do partido Inês Sousa Real, em declarações à agência Lusa.

Defendendo que “era importante que o mundo estivesse focado no combate às alterações climáticas” e à “crise sanitária sem precedentes”, provocada pela covid-19, e com “consequências socioeconómicas”, Inês Sousa Real sublinha que “essas são as guerras que deveríamos estar a travar e não ter uma potencial terceira guerra mundial”.

Aquilo que a Rússia está a fazer (…) é de facto inqualificável e deve merecer por parte da comunidade internacional todos os esforços para que a paz seja restabelecida, para que as ofensivas militares sejam retiradas e se possa promover o restabelecimento da paz”, afirmou a porta-voz do PAN, pedindo que a comunidade internacional “se mobilize mais do que nunca”.

O Bloco de Esquerda (BE), pela voz de Catarina Martins, defendeu que “nada pode justificar o ataque da Rússia. É a invasão de um país soberano e deve ser travada”. Ainda assim, acrescentou, “a guerra não se travará com mais guerra. O reforço das tropas da NATO não dissuade, apenas escala“.

Além de “apoiar as sanções fortes no seio da União Europeia contra os oligarcas russos”, o BE considera que Portugal deve fazer o mesmo internamente: “Há oligarcas russos com interesses económicos em Portugal” devem existir sanções contra eles e estas devem incluir a revogação de vistos gold. Tudo isto “deve ser feito de imediato”, disse Catarina Martins.

O PCP, o único partido até agora a recusar condenar o Presidente Putin, reconhece que a “guerra não é solução” para a resolução da situação entre a Ucrânia e a Rússia e exortou o Governo a contrariar a “escalada de confrontação política” impedindo o envolvimento de militares portugueses.

A guerra não é solução seja para que problema for e é preciso fazer esforços para a evitar”, sustentou o líder parlamentar comunista, João Oliveira, durante um debate da comissão permanente da Assembleia da República, com a participação do ministro dos Negócios Estrangeiros, sobre a invasão da Rússia à Ucrânia.

João Oliveira referiu que é “evidente que a situação que se vive na Ucrânia não é um problema entre russos e ucranianos, nem apenas uma disputa por território ou demarcação de fronteiras. O problema é mais profundo, mais amplo e ultrapassa em muito o leste europeu”, completou, apontando o dedo aos Estados Unidos da América (EUA), “os verdadeiros interessados numa nova guerra na Europa” e que estão “dispostos a sacrificar até ao último ucraniano ou europeu para a promover”.

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