Guerra no Médio Oriente

Ataque dos EUA no Irão poderá ter acordado "células terroristas adormecidas por todo o mundo"

O Irão bombardeou, esta segunda-feira, bases aéreas dos EUA no Médio Oriente, mas os Estados Unidos podem vir a sofrer mais represálias, aponta o major-general João Vieira Borges na antena da SIC Notícias.

SIC Notícias

O major-general João Vieira Borges considera que a operação dos Estados Unidos da América contra o território iraniano foi um sucesso e serviu como "campanha de marketing da verdadeira força militar norte-americana". Mas nem tudo é positivo e os Estados Unidos já estão a sofrer consequências.

O major-general João Vieira Borges esclarece que a operação levada a cabo pelos EUA, na madrugada de domingo, no Irão foi “muito objetiva” e funcionou como “instrumento de dissuasão”. 

O major-general explica que esta demonstração de força por parte dos EUA aconteceu por “um eixo que não era expectável”: 

“Começaram a aparecer informações, que todos nós transmitimos, no mundo ocidental, pelo menos, relativamente a deslocamentos de B-2 para Guam e de B-II para Garcia - Garcia no Índico e Guam no Pacífico. E, portanto, começou toda a gente a achar que a operação com os B-II se ia desenrolar a partir daí. Não, foi a partir do Missouri, no centro dos Estados Unidos, e, portanto, fez o eixo através do Atlântico, passando para a Europa até o Irão diretamente. 

João Vieira Borges entende que o fator surpresa foi fundamental para o sucesso dos bombardeamentos e menciona que nem os aliados dos EUA, nem os próprios secretários de Estado tinham conhecimento do plano. 

Outro fator que contribuiu para que a operação decorresse sem percalços foi o facto de terem sido usados bombardeiros B-2: 

“Não houve sequer uma antiaérea da parte do Irão que tivesse detetado através de radar ou que tivesse sequer disparado. Isto tem que ver com o facto do B-2 ser um sistema furtivo, de tal maneira, com medidas de guerra eletrónica que impede essa mesma deteção.” 

"Campanha de marketing da força militar norte-americana"

Para o major-general, esta incursão aérea dos EUA teve outro objetivo para além de dissuadir potências eventualmente agressoras:  

“Uma enorme campanha de marketing da verdadeira força militar norte-americana, que muitos norte-americanos sentiam que estava a ser posta em causa nestes últimos conflitos [...] É uma demonstração de força, mas também uma demonstração do poder dos Estados Unidos em termos tecnológicos, de uma operação de grande sucesso, que é uma operação que exige uma coordenação enorme.” 

O ataque norte-americano já teve consequências. O Irão bombardeou, esta segunda-feira, bases aéreas dos EUA no Médio Oriente, mas os Estados Unidos podem vir a sofrer mais represálias, aponta o major-general, causadas por “células terroristas adormecidas espalhadas por todo o mundo”. 

“Essa forma foi trabalhada pela Guarda Revolucionária [do Irão]. A Guarda Revolucionária, que tem 150.000 homens, não trabalha só em termos internos, não é nenhuma Guarda Republicana portuguesa. Trabalha fundamentalmente também aquilo que é a luta contra o sionismo. Eles não chamam Israel ao regime sionista. E, portanto, isso é o apoio aos tais 'proxies', mas também a outra vertente de apoio a células terroristas para porem em causa os interesses, quer israelitas, quer norte-americanos. E isso é muito mais difícil para os americanos e para todos nós no mundo conseguirmos, digamos, lutar”, alerta João Vieira Borges. 
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