O que para muitos é uma evidência clara, para o braço diplomático da União Europeia é ainda uma hipótese. O Serviço Europeu para a Ação Externa admitiu no último relatório que Israel pode estar a violar os direitos humanos em Gaza.
O documento é extremamente cauteloso e parece não querer ferir as suscetibilidades da potência militar que está a reduzir um território a escombros.
No mais recente relatório, o Serviço Europeu de Ação Externa diz apenas que há indícios de violação do acordo que a União Europeia assinou com Israel há 30 anos.
Em causa está o alegado incumprimento da cláusula número dois, que estabelece o respeito pelos direitos humanos.
No documento que parece ter sido filtrado ao milímetro, o braço diplomático da União Europeia fala em campanha militar intensa e diz ainda que a guerra contra o Hamas resultou num balanço de morte de civis sem precedentes.
A escolha rigorosa de palavras foi também feita esta semana pela chefe da diplomacia europeia. Num discurso no parlamento europeu, admitiu que a ofensiva israelita foi além da autodefesa.
Disse ainda que a guerra está a minar décadas de princípios humanitários. Entre os 27 não há consenso para suspender o acordo comercial com Israel, mas Portugal já esta entre o grupo de países que pede medidas concretas. Em particular sobre a ocupação de territórios na Cisjordânia.
O assunto estará em cima da mesa na segunda-feira no encontro dos chefes da diplomacia europeus.
Deverá voltar a ser debatido no Conselho Europeu, também marcado para a próxima semana.