O Hamas afirma ainda estar a analisar a proposta de cessar-fogo apresentada pelos Estados Unidos da América e que já recebeu a aprovação de Israel. No entanto, enquanto decorrem as deliberações, os ataques israelitas sobre a Faixa de Gaza prosseguem.
No meio da devastação provocada pelos bombardeamentos, imagens captadas após os ataques mostram uma rapariga palestiniana que encontra algum consolo numa pulseira, enquanto um rapaz segura almofadas que resistiram a mais um ataque israelita. O bombardeamento mais recente atingiu, durante a noite passada, a cidade palestiniana de Jabalia — local onde, há alguns anos, residiam pelo menos 82 mil pessoas.
"Estávamos a dormir à uma da manhã – e tudo o que vimos foi um míssil a cair sobre a nossa casa. O meu pai foi martirizado, a minha mãe foi martirizada, e a minha irmã foi martirizada. Estamos todos martirizados, as nossas casas desapareceram, e as minhas filhas ficaram viúvas – tenho duas filhas que agora são viúvas", contou Shadia Nasr.
Na manhã desta sexta-feira, sem qualquer novidade de tréguas, registou-se mais um ataque israelita, desta vez na cidade de Gaza. As imagens captadas minutos depois do bombardeamento mostram o desespero e a confusão nos rostos das mulheres sobreviventes — vivas, cobertas de pó, sacudindo os escombros da destruição. Os ataques mais recentes terão causado, pelo menos, 14 mortos na Faixa de Gaza. Desde 7 de Outubro de 2023, mais de 54 mil palestinianos perderam a vida no conflito.
É neste cenário de destruição contínua que se discute a possibilidade de um cessar-fogo. A proposta, apresentada pelos Estados Unidos, foi aceite por Israel. O plano prevê a libertação de 28 reféns, vivos e mortos, em troca de 1.416 palestinianos, alguns também já falecidos. Está ainda contemplado um período de tréguas de 60 dias e a entrega de ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza.
O Hamas continua a avaliar a proposta, mas já comunicou que, na sua forma atual, esta não responde às necessidades do povo palestiniano.
Enquanto Gaza é palco de destruição, na Cisjordânia ocupada avança a construção. Estão já a ser erguidos 22 novos colonatos judeus. A Cisjordânia é habitada por três milhões de palestinianos, vivendo sob domínio militar israelita, com a Autoridade Palestiniana a gerir os centros populacionais. Os colonos judeus, por sua vez, possuem cidadania israelita. A expansão dos colonatos é vista pelos palestinianos como um dos principais entraves à resolução do conflito.