Com o argumento de que a ajuda enviada para Gaza estava a ser desviada pelo Hamas, Telavive cortou por completo o acesso de ajuda humanitária ao território palestiniano no dia 2 de março. Em simultâneo, as forças israelitas intensificaram a ofensiva por ar e por terra.
O primeiro-ministro de Israel afirma que o objetivo do Governo que lidera é destruir o Hamas e que, para isso, é necessário ocupar e controlar toda a Faixa de Gaza.
Este plano conta com o apoio da extrema-direita israelita, apesar da oposição da esmagadora maioria da população, que é favorável a um acordo que permita o fim da guerra e o regresso dos reféns.
Milhares de pessoas em risco de morrer
Para os cerca de dois milhões de palestinianos, o dia a dia tornou-se um exercício de sobrevivência.
A ofensiva israelita já provocou oficialmente perto de 55 mil mortes, na sua maioria mulheres e crianças. Há ainda milhares de pessoas desaparecidas sob os escombros, bem como milhares de feridos, amputados e doentes crónicos sem acesso a cuidados médicos, em hospitais sobrelotados e com escassez de praticamente tudo.
A devastação do território é tal que grande parte da população está deslocada, vivendo precariamente em tendas. Nos pontos de distribuição de alimentos, os pedidos aumentam, mas a oferta escasseia.
Ao fim de quase três meses de bloqueio e dois anos de guerra, as agências humanitárias alertam que o pior ainda pode estar para vir. Temem que parte da população — metade com menos de 18 anos — corra o risco de não sobreviver à propagação de doenças, à fome e à falta de água potável.