Guerra no Médio Oriente

"Tremenda tempestade em Israel, Netanyahu está a entrar por um caminho extremamente complicado"

Rui Cardoso, comentador da SIC, analisa a atualidade internacional, com destaque para a situação no Médio Oriente, numa altura em que o primeiro-ministro israelita enfrenta contestação crescente, depois de ter ordenado ataques na Faixa de Gaza que deitam por terra o acordo que vigorava na região.

Rui Cardoso

SIC Notícias

Centenas de pessoas manifestam-se esta quarta-feira contra Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, depois de ter ordenado ataques à Faixa de Gaza. Os manifestantes seguem em direção ao gabinete oficial e à residência privada do primeiro-ministro israelita. É um protesto que se repete depois de esta terça-feira milhares de pessoas se terem manifestado em Telavive contra as ações do Governo de Netanyahu que, neste momento "está completamente colado à política dos Estados Unidos e à Casa Branca", realça Rui Cardoso.

Para o comentador da SIC, esta posição do primeiro-ministro israelita é totalmente contrária à que teve em relação aos presidentes anteriores. Netanyahu "criticava violentamente" Biden e Obama, sempre que a posição norte-americana não ia ao encontro do que pretendia.

"No plano interno, Netanyahu está a entrar por um caminho extremamente complicado para ele próprio, porque ele pretende demitir o diretor das informações interiores - Shin Bet, o que está a causar uma tremenda tempestade em Israel, pretende demitir a procuradora-geral, o que não aconteceu ainda, mas causa uma tempestade ainda maior.

E sobretudo, se ele quiser voltar às operações terrestres em Gaza, vai ter que mobilizar pelo menos duas ou três divisões, o que implica voltar a chamar reservistas à vida civil e, nesta altura, a vontade da população israelita em idade militar não parece ser muito para aí virada e podem acontecer pela primeira vez desde o início desta guerra, recusas de se apresentar ao serviço, seja de soldados rasos, seja de altas patentes", explica Rui Cardoso.

Mais de 400 pessoas morreram na madrugada de terça-feira, no primeiro ataque desde o início do cessar-fogo em janeiro. O Hamas rejeitou a extensão do cessar-fogo. O grupo terrorista mantém 59 reféns.

"Se volta a haver ataques em Gaza e então se passa a haver qualquer tipo de intervenção terrestre da tropa israelita, o destino destes reféns está, infelizmente, traçado. Só houve libertação de reféns quando houve paz, até agora, tirando dois ou três recapturados pela tropa israelita, mas foi um caso absolutamente pontual", lembra o comentador da SIC.

Na análise à atualidade internacional, Rui Cardoso aborda também a situação na Ucrânia, que vai voltar a ser debatida entre Estados Unidos e a Rússia na Arábia Saudita, no domingo.

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