A guerra civil síria rebentou em 2011 na sequência da Primavera Árabe. Só com a ajuda da Rússia e do Irão é que Assad se conseguiu manter no poder. Ajuda que desta vez não chegou. Nas ruas, as pessoas manifestam-se a favor da liberdade e festejam o fim da tirania. Mas o futuro ainda é incerto.
Os rebeldes tomaram a capital praticamente sem resistência e Assad fugiu de avião, esta madrugada. Segundo a agência de notícias russa TASS, fugiu para Moscovo. O Kremlin vai conceder-lhe asilo político, bem como à família. A Rússia invoca razões humanitárias para proteger Assad.
Numa síria devastada pela guerra, a população vivia há quase 14 anos sem nada. Com a queda do regime ditatorial de Assad, os civis entraram no Palácio Presidencial de Damasco e numa das casas do Presidente deposto.
Damasco caiu em poucas horas
Numa ofensiva relâmpago, Damasco caiu em poucas horas, depois do grupo rebelde ter tomado a cidade de Homs, a 160 quilómetros da capital.
A estátua de Assad foi derrubada, assim como a do pai, Hafez al-Assad, a quem sucedeu há 24 anos.
A dinastia da família Assad, que representa a repressão e a tirania, chega ao fim 54 anos depois.
A revolta foi liderada por Hayat Tahrir al-Sham (HTS) que combate Assad há mais de uma década. Com ligações à al-Qaeda e inicialmente de inspiração jihadista com quem, entretanto, diz ter cortado laços.
O grupo também libertou os prisioneiros das prisões políticas.
Ao contrário de Assad, o primeiro-ministro sírio permanece em Damasco e garante uma transição de poder pacífica, mas o futuro ainda é incerto e está nas mãos do grupo HTS, de fundamentação islâmica.
Aliados abandonaram Assad
A guerra civil síria rebentou em 2011, na sequência da Primavera Árabe. Várias manifestações em vários países do Médio Oriente apelavam a uma mudança de regime e uma transição para a democracia.
Assad reprimiu as manifestações de forma violenta, despoletando uma guerra civil entre as forças do regime, os grupos rebeldes que defendiam a mudança e ainda os grupos jihadistas.
Assad conseguiu avanços significativos devido ao apoio da Rússia, que chegou a combater em solo sírio. O Irão e o Hezbollah também permitiram ao regime sobreviver, mas a guerra na Ucrânia e o conflito com Israel mudaram o jogo e Assad ficou sozinho.
A guerra civil na Síria provocou a maior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial. Quase 14 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir e morreram mais de 500 mil.