Guerra na Síria

Damasco caiu em poucas horas: o 'filme' do fim da dinastia Assad na Síria

Depois de 50 anos de ditadura e opressão, o regime da família Assad caiu. O filho, Bashar al-Assad, que governava a Síria há 24 anos, demitiu-se do cargo e fugiu para a Rússia. O Kremlin já confirmou que irá conceder asilo ao Presidente deposto.

João Tomás

Ricardo Piano

A guerra civil síria rebentou em 2011 na sequência da Primavera Árabe. Só com a ajuda da Rússia e do Irão é que Assad se conseguiu manter no poder. Ajuda que desta vez não chegou. Nas ruas, as pessoas manifestam-se a favor da liberdade e festejam o fim da tirania. Mas o futuro ainda é incerto.

Os rebeldes tomaram a capital praticamente sem resistência e Assad fugiu de avião, esta madrugada. Segundo a agência de notícias russa TASS, fugiu para Moscovo. O Kremlin vai conceder-lhe asilo político, bem como à família. A Rússia invoca razões humanitárias para proteger Assad.

Numa síria devastada pela guerra, a população vivia há quase 14 anos sem nada. Com a queda do regime ditatorial de Assad, os civis entraram no Palácio Presidencial de Damasco e numa das casas do Presidente deposto.

Damasco caiu em poucas horas

Numa ofensiva relâmpago, Damasco caiu em poucas horas, depois do grupo rebelde ter tomado a cidade de Homs, a 160 quilómetros da capital.

A estátua de Assad foi derrubada, assim como a do pai, Hafez al-Assad, a quem sucedeu há 24 anos.

A dinastia da família Assad, que representa a repressão e a tirania, chega ao fim 54 anos depois.

A revolta foi liderada por Hayat Tahrir al-Sham (HTS) que combate Assad há mais de uma década. Com ligações à al-Qaeda e inicialmente de inspiração jihadista com quem, entretanto, diz ter cortado laços.

O grupo também libertou os prisioneiros das prisões políticas.

Ao contrário de Assad, o primeiro-ministro sírio permanece em Damasco e garante uma transição de poder pacífica, mas o futuro ainda é incerto e está nas mãos do grupo HTS, de fundamentação islâmica.

Aliados abandonaram Assad

A guerra civil síria rebentou em 2011, na sequência da Primavera Árabe. Várias manifestações em vários países do Médio Oriente apelavam a uma mudança de regime e uma transição para a democracia.

Assad reprimiu as manifestações de forma violenta, despoletando uma guerra civil entre as forças do regime, os grupos rebeldes que defendiam a mudança e ainda os grupos jihadistas.

Assad conseguiu avanços significativos devido ao apoio da Rússia, que chegou a combater em solo sírio. O Irão e o Hezbollah também permitiram ao regime sobreviver, mas a guerra na Ucrânia e o conflito com Israel mudaram o jogo e Assad ficou sozinho.

A guerra civil na Síria provocou a maior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial. Quase 14 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir e morreram mais de 500 mil.

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