O Presidente da República considerou esta segunda-feira que o caso Galamba é “muito sensível” e que as conversas com o primeiro-ministro sobre este assunto têm de ser discretas.
Marcelo Rebelo de Sousa não quis dizer muito mais sobre o que terá já falado com António Costa, que se mantém em silêncio apesar das críticas da oposição.
“Em determinados temas particularmente sensíveis o seu tratamento não é na praça pública, não é sobre os holofotes da comunicação social. São tratados, vão sendo tratados até ao momento em que se vê que foram tratados”, afirmou Marcelo.
Depois de visitar uma exposição com três ministros, o Presidente da República voltou a falar - pelo terceiro dia consecutivo - do caso que envolve o ministro das Infraestruturas, João Galamba, para explicar que as conversas que tem com o primeiro-ministro não são para dar a conhecer em público.
“Matérias muito sensíveis de Estado são tratadas discretamente. As pessoas não têm noção, mas são dossiers tratados discretamente”.
No 1 de Maio, Dia do Trabalhador, Marcelo quis ainda deixar uma lição política: “Sem boa economia, é difícil haver boa política, mas pode haver alguma boa economia e isso não ser suficiente para haver boa política”.
A oposição, que se juntou ao desfile do Dia do Trabalhador, continua à espera de ouvir o primeiro-ministro sobre o caso Galamba.
“Há uma certa tendência para dizer que se fala dos casos para esconder que a economia está a crescer e até está a correr bem. Os casos do Governo não são tão ‘casinhos’ quanto isso. Revelam problemas graves”, afirmou Catarina Martins.
O PCP, pela voz do secretário-geral Paulo Raimundo, afirmou apenas que “mais cedo ou mais tarde” António Costa vai ter que quebrar o silêncio.
Já o PS procura afastar o tema do dia. Não respondeu às perguntas, remetendo para o que na véspera disse, numa declaração à agência Lusa, para criticar Luís Montenegro e considerar que o primeiro-ministro fala quando entende que é oportuno e não a reboque da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP.
Entretanto, o ex-adjunto de Galamba disse estar disponível para ser ouvido na CPI. Numa mensagem, a que a SIC teve acesso, Frederico Pinheiro dirige-se a Seguro Sanches, que lidera os trabalhos, pronto para dar quaisquer esclarecimentos que os deputados julguem necessários.