A maioria dos casos de corrupção investigados em Portugal atinge o poder local. Não é preciso recuar muito no tempo para encontrar autarcas atrás de autarcas suspeitos de crimes de colarinho branco. Os últimos anos têm sido ricos em processos que põem a nu o mau uso dos dinheiros públicos.
A lista é longa e tem várias cores politicas. O ano de 2022, por exemplo, chegou ao fim com uma longa lista de buscas a autarcas e autarquias. E há mesmo quem tenha começado o ano a ser absolvido e tenha acabado detido.
Foi o caso do agora antigo presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves e o vice-presidente David Teixeira. Foram absolvidos, em março, do crime de prevaricação, por alegado favorecimento a uma empresa num negócio com um painel publicitário.
A absolvição foi acompanhada de um puxão de orelhas ao Ministério Público. O coletivo de juízes concluiu que a investigação fechou os olhos a evidências que teriam bastado para evitar a ida a julgamento. Mas sete meses depois, tanto o presidente como vice-presidente da Câmara de Montalegre voltaram a ser alvos da Justiça.
Desta vez, no âmbito da operação Alquimia, foram detidos para interrogatório, suspeitos dos crimes de associação criminosa, prevaricação e abuso de poder entre outros. Orlando Alves ainda está em prisão domiciliária.
A passagem de Miguel Alves pela Câmara de Caminha, como presidente, já resulta em três investigações: a mais recente investiga o negócio que envolve o Centro de Exposições Transfronteiriço, que nunca saiu do papel mas resultou num cheque de 369 mil euros no bolso do empresário Ricardo Moutinho; Outra investigação levará em breve Miguel Alves a sentar-se no banco dos réus ao lado da empresária Manuela Couto; E o nome do ex-secretário de Estado está ainda associado ao processo Éter.
Da mesma investigação (processo Éter) seguiu para julgamento um processo que tem Melchior Moreira, ex-presidente do Turismo de Portugal, como principal suspeito e da prova obtida viria a nascer a Operação Teia.
Teia porque investiga uma alegada rede de influências suspeita de beneficiar o aparelho socialista. Entre os arguidos estão os ex-autarcas: Joaquim Couto, que era presidente da câmara de Santo Tirso e Miguel Costa Gomes, antigo presidente da Câmara de Barcelos.
Manuel Frexes, antigo presidente da Câmara do Fundão, está a ser julgado por crimes de prevaricação, peculato e participação económica em negócio, entre outros.
Moita Flores já deixou há muito a autarquia de Santarém. Mas ainda no ano passado foi absolvido num processo relacionado com suspeitas de negócios ilícitos nas obras da antiga Escola Prática de Cavalaria.
A Operação Ajuste Secreto tem 65 arguidos, onde se inclui o presidente da Câmara de Albergaria, António Loureiro, e quatro ex-autarcas das câmaras de Oliveira de Azeméis e de Estarreja
Em abril de 2021, a Operação Triângulo levou à detenção para interrogatório da então presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, a social democrata Conceição Cabrita.
Margarida Martins, ex-presidente da Junta de Freguesia de Arroios, foi constituída arguida há dois anos por suspeita de má gestão de dinheiros públicos.
José Maria Costa, é atual secretário de Estado do Mar e está a ser investigado por ajustes diretos superiores a 5 milhões e meio de euros, enquanto era presidente da câmara de Viana do castelo.
Há mais de cinco anos e ainda sem acusação, continua também a operação Tutti frutti que tem como principal suspeito Sérgio Azevedo, o antigo vice-presidente do PSD é apontado como sendo o mentor de um esquema de corrupção para favorecer militantes do partido.
No ano passado, António Vilela, ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Verde foi condenando por corrupção a quatro anos e 11 meses de prisão com pena suspensa.
Joaquim Cracel, ex-presidente da Câmara de Terras de Bouro foi condenado pelo Tribunal de Braga a três anos de prisão com pena suspensa por ter aprovado o licenciamento de uma moradia ilegal em resreva agrícola.
Luís Vitorino, presidente da Câmara de Marvão, foi condenado a três anos de prisão, com pena suspensa, e a perda de mandato por um crime de corrupção passiva.