O PSD vai abster-se na votação da moção de censura da Iniciativa Liberal ao Governo, avança fonte do partido à SIC Notícias. A decisão foi comunicada por Luís Montenegro aos deputados.
A mesma fonte diz que o PSD opta pela abstenção, porque "não é um partido de protesto" e lembra que a IL só avança para esta moção por estar num momento de "crise existencial". O partido de Cotrim de Figueiredo, que está numa corrida para um novo líder, não apresentou nenhuma moção de censura na anterior legislatura.
À SIC, o PSD lembra que continuará a "sancionar" o Governo, mas que António Costa "deve continuar a governar".
"Se apresentarmos uma moção de censura é porque o PSD defende a queda do Governo, não andamos a brincar às moções de censura", assegurou o líder do partido.
Segundo relatos da reunião, Montenegro frisou que, com esta posição, "o PSD não está nem do lado da inconsequência nem do lado da incompetência".
O repórter Hugo Maduro acompanhou a reunião do grupo parlamentar com o líder do PSD.
“O PSD não é um partido de protesto, mas de Governo”, afirma Montenegro
Luís Montenegro justificou a abstenção na moção de censura da IL ao Governo com o argumento de que o partido não defende a queda do Governo neste momento, sendo necessário respeitar "a vontade dos portugueses"
"Vamos ser todos sérios. A moção de censura apresenta-se para derrubar o Governo. No PSD, decidimos não derrubar o Governo, como podem dizer que esta é uma não decisão? Significa isto que concordamos com o que o Governo está a fazer? Não significa", afirmou Luís Montenegro, no final de uma reunião com um grupo parlamentar de perto de duas horas em que foi anunciado o sentido de voto.
O presidente do PSD voltou a acusar o Governo PS de "incompetência e incapacidade de liderança", mas considerou fundamental respeitar "a vontade popular", recordando que houve eleições legislativas há apenas onze meses.
"Não defendemos, ao contrário do partido promotor da moção, a queda do governo e assumimos isso com toda a frontalidade. O Governo cessar funções agora acrescentaria mais problemas a Portugal", reiterou.
Para Montenegro, "este é o tempo para o Governo governar bem", acrescentando que a população portuguesa não tem atualmente como prioridade "mudar de Governo mas que o Governo governe".
O líder do PSD salientou que esta decisão teve "o apoio esmagador" quer da Comissão Política Nacional quer da bancada social-democrata.
"Não houve nenhum deputado que se tivesse expressado em sentido contrário, todos os que intervieram secundaram a posição do presidente do partido e outros, não intervindo, mostraram concordância por falta de intervenção em sentido contrário", disse, questionado se não houve deputados que defenderam o voto favorável em relação à moção da IL.
Montenegro reiterou aos jornalistas, como tinha feito perante os deputados, que "o PSD não é um partido de protesto, mas de Governo".
"Entendemos que o Governo está a governar mal (...) Nesta altura, agravar a situação do país com uma crise política é um desrespeito pela vontade do povo há onze meses e um desrespeito pela situação concreta que os portugueses hoje vivem", disse.
“Derrubar o Governo” iria “abrir uma crise política e consequentemente pedir eleições”
Perante os deputados, o presidente do PSD também justificou este sentido de voto, dizendo que votar a favor seria "pretender derrubar o Governo, abrir uma crise política e consequentemente pedir eleições", de acordo com relatos feitos à Lusa por fontes presentes na reunião.
Montenegro lembrou que os portugueses votaram há menos de um ano e considerou que tal tem de ser respeitado, até perante os problemas que afetam o país, como o aumento do custo de vida ou as dificuldades nos serviços públicos.
Por outro lado, argumentou que votar contra significaria uma "adesão àquilo que existe", recusando que a abstenção seja uma "não posição".
"Permite fazer censura política, mas não é uma posição de derrube do Governo", justificou, defendendo que o Governo merece oposição mas não deve ter um pretexto para fugir às suas responsabilidades.
O Chega vai votar a favor da moção de censura, o BE vai abster-se e PCP já esclareceu que o voto é contra. PAN e Livre ainda estão a avaliar o sentido de voto.
A conferência de líderes agendou para quinta-feira o debate e votação da moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal e para quarta-feira o debate de urgência pedido pelo PSD sobre a "Situação política e a crise no Governo".
A moção de censura da IL vai ser a segunda que o XXIII Governo constitucional enfrenta desde que iniciou funções, a 30 de março de 2022, depois de ter vencido as eleições legislativas com maioria absoluta, e terá chumbo assegurado pela bancada socialista.