Há muito que José Maria Ricciardi não poupa nas críticas e nos ataques ao primo Ricardo Salgado. Chegou esta quinta-feira, ao terceiro dia do julgamento do processo BES/GES, com a mesma vontade. "Tentarei fazer o meu melhor e dizer aquilo que sei", atirou o ex-presidente do BESI.
Lá dentro, perguntaram-lhe se era amigo ou inimigo de Ricardo Salgado. Nem uma coisa nem outra, respondeu Ricciardi, antes de assumir que em maio de 2014 enviou para o Banco de Portugal o documento com o qual percebeu que as contas do grupo tinham sido falsificadas.
"Ricardo Salgado é o principal culpado? "Parece-me que sim, é obvio", afirmou José Maria Ricciardi.
Garante, no entanto, que muito antes do descalabro já tinha feito alertas ao Banco de Portugal, numa altura em que Carlos Costa, então Governador, "assobiou para o lado".
Da parte da manhã, o Tribunal ouviu as palavras do pai Ricciardi. Falecido há dois anos, foi preciso recorrer ao depoimento gravado em 2015, quando o antigo presidente do Conselho Superior do GES chutou para o sobrinho Ricardo toda a responsabilidade das contas maquilhadas.
"Era o único de nós que sabia tudo. Ninguém tomava nenhuma decisão que o Dr. Ricardo não estivesse de acordo", disse António Ricciardi.
Francisco de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado, alega que “não fez nenhum comentário sobre uma pessoa que não está entre nós”.
Ausente do tribunal, o nome de Ricardo Salgado estará sempre presente em todas as sessões do julgamento.