Acusado de mais de 30 crimes, Francisco Machado da Cruz, antigo contabilista do Banco Espírito Santo (BES), foi dos primeiros arguidos a chegar. O Ministério Público (MP) acredita que escondeu dívida e manipulou informações financeiras, sob instruções de Ricardo Salgado.
Na entrada para o julgamento, Francisco Machado da Cruz foi confrontado por um lesado do BES.
“Eu quero o meu dinheiro. Onde é que está a responsabilidade? Novo Banco, devolve-me aquilo que é meu”, gritava o homem.
Nem um minuto depois chegava Amílcar Morais Pires, indicado como o braço direito de Ricardo Salgado, que responde por mais de 20 crimes neste processo.
O antigo administrador financeiro foi um dos 15 arguidos identificados na primeira sessão. Outros três faltaram à chamada, todos antigos membros do departamento financeiro do BES: Isabel Almeida, António Soares e Cláudia Boal Faria.
Nenhum arguido falou aos juízes
Dentro da pequena sala de audiências escolhida para o julgamento, o primeiro dia foi também para o Ministério Público e defesas fazerem as exposições introdutórias.
Um megaprocesso desta dimensão trouxe uma roda-viva de advogados ao Campus de Justiça. Há 135 assistentes, lesados pela queda do banco, a colaborar com o MP.
Nenhum dos arguidos presentes quis falar perante os juízes, enquanto os advogados sacudiram a água do capote dos clientes.
No total, estão a ser julgados mais de 300 crimes, entre associação criminosa, burla, corrupção, falsificação de documento ou branqueamento de capitais.