Queda do BES

Lesados do BES: "Na Venezuela, há pessoas que morreram, mas houve outras que se suicidaram"

Na análise ao caso BES, Isabel Vicente, jornalista do Expresso que tem acompanhado este processo, lembra a situação dos lesados na Venezuela, que conhece de perto, onde havia quem tivesse "as suas poupanças em Portugal e montaram-lhes um esquema".

SIC Notícias

O Banco Espírito Santo (BES) caiu em 2014, ano em que o Ministério Público abriu um processo. Foram feitas buscas na sede do BES e nas casas dos principais arguidos, como Ricardo Salgado. A acusação chegou seis anos depois, em 2020: 18 arguidos acusados de mais de 300 crimes. Só Ricardo Salgado foi acusado de 65, como corrupção, associação criminosa e burla. Três já prescreveram. Alguns lesados do BES manifestaram-se no Campus da Justiça de Lisboa e confrontaram Ricardo Salgado. Isabel Vicente lamenta a situação que, em seu entender deveria ter sido acautelada, embora sublinhe que estas pessoas têm razão.

Questionada sobre como é que se espera que sejam necessários 10 anos para arrancar um julgamento, Isabel Vicente afirma: "Acho que é lastimável, é a consequência dos megaprocessos, é a consequência de termos, se calhar, falta de meios, e tem que se pensar muito a sério nisto para não acontecer".

No arranque do julgamento, a jornalista considera "lamentável a abordagem" por parte dos lesados quando Ricardo Salgado chegou ao tribunal.

"Acho que era desnecessária. Acho que devia ter sido acautelada e com isto não estou a dizer que aquelas pessoas não tenham razão naquelas afirmações que fizeram porque muitas das suas poupanças ou únicas poupanças estavam depositadas no BES, mal depositadas, em produtos que lhes venderam de forma enganosa. Tudo isto é muito feio, muito mau", realça.

Isabel Vicente, jornalista do Expresso que tem acompanhado este processo, lembra também a situação dos lesados na Venezuela, que conhece de perto.

“Na Venezuela, há pessoas que morreram, mas houve pessoas que se suicidaram. Nós evitamos falar um pouco nisso porque as pessoas também não querem falar nisso porque, de repente, viver num país em que são mal pagos, tinham as suas poupanças em Portugal e montaram-lhes um esquema. E quem diz Venezuela, África do Sul ou mesmo na Suíça”, destaca a jornalista, em entrevista na SIC Notícias.

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