O antigo banqueiro Ricardo Salgado vai a julgamento por 65 crimes, nomeadamente associação criminosa, corrupção ativa, falsificação de documento, burla qualificada, branqueamento, infidelidade e manipulação de mercado. O juiz decidiu ainda levar a julgamento mais 20 arguidos e nos exatos termos da acusação.
Numa breve leitura da decisão instrutória, sem enumerar os crimes em causa, o juiz Pedro Santos Correia validou quase na íntegra os crimes pelos quais os arguidos vinham acusados, introduzindo apenas pequenas alterações.
Deixou cair alguns crimes de infidelidade em relação a três arguidos, por prescrição e lapso da acusação, e deixou de fora o arguido José Manuel Espírito Santo, que morreu entretanto.
A defesa de Ricardo Salgado pediu ao juiz a definição de um prazo para arguir nulidades do despacho de instrução.
Após ser conhecida a decisão do juiz, os lesados do BES que se manifestavam à porta do tribunal, aplaudiram.
O antigo presidente do Grupo Espírito Santo, Ricardo Salgado esteve ausente da leitura da decisão instrutória do caso BES/GES, revelou o advogado Francisco Proença de Carvalho, insistindo na necessidade de uma perícia que confirme que o arguido sofre de Alzheimer.
"É incompreensível para toda a gente que [a realização da perícia] não seja aceite. Será que os tribunais têm medo do resultado da perícia? Provavelmente, só pode ser isso, não há nenhum motivo para não ser aceite", sustentou o advogado de Salgado, antes de ser conhecida a decisão instrutória.
A investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) traduziu-se, a 14 de julho de 2020, na acusação a 25 arguidos (18 pessoas e sete empresas), entre os quais o antigo presidente do Grupo Espírito Santo (GES), Ricardo Salgado.
Foram imputados 65 crimes ao ex-banqueiro, nomeadamente associação criminosa, corrupção ativa, falsificação de documento, burla qualificada, branqueamento, infidelidade e manipulação de mercado.
Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro.
Segundo o Ministério Público, cuja acusação contabilizou cerca de quatro mil páginas, a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014, terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.