Queda do BES

CMVM afirma ter feito tudo para defender investidores do BES

A CMVM sublinhou esta segunda-feira que cabe ao Banco de Portugal aprovar aumentos de capital de bancos e garantiu que nos últimos meses fez tudo para defender os interesses dos investidores do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).

Quem investiu então dinheiro em ações do banco perdeu tudo, ou quase tudo, com a solução encontrada este fim-de-semana pelo Banco de Portugal e pelo Governo para o caso do BES.
MÁRIO CRUZ

No sentido de explicar a sua atuação ao longo dos últimos meses e o  que está a fazer relativamente à crise em torno do BES, a Comissão de Mercado  de Valores Mobiliários (CMVM) emitiu hoje à noite um comunicado em que garante  que, de acordo com a informação que conhecia, defendeu os interesses dos  investidores que aplicaram dinheiro no Banco Espírito Santo (BES) e no GES.

Na mesma nota, a CMVM relata que, apenas nos três meses entre 1 maio  e 1 de agosto deste ano, houve 160 comunicados do GES e que ainda determinou  a suspensão da negociação das ações do BES por quatro vezes e por uma vez  as da Espírito Santo Financial Group (ESFG), então principal acionista do  banco, por considerar que havia falta de informação.

A CMVM refere-se ainda ao recente aumento de capital do BES, feito em maio e em que foram injetados no banco cerca de mil milhões de euros, vincando  que "não dispõe de qualquer poder relativamente às decisões sobre aumento  de capital de qualquer sociedade" e que essa decisão cabe aos acionistas  e, no caso dos bancos, "necessita de ter acordo do Banco de Portugal".

Quem investiu então dinheiro em ações do banco perdeu tudo, ou quase tudo, com a solução encontrada este fim-de-semana pelo Banco de Portugal e pelo Governo para o caso do BES.

Ainda sobre a sua ação nesse processo, a entidade liderada por Carlos  Tavares diz mesmo que  "condicionou a aprovação do prospeto (do aumento  de capital) à explicitação de todos os riscos relevantes, incluindo os relacionados  com a situação relativa às entidades suas acionistas de referência", tendo  em conta o que na altura era conhecido por si própria.

Acrescenta ainda que, antes do fim do período em que as ordens de compra  de ações podiam ser revogadas, exigiu um comunicado com mais informação  da ESFG sobre a sua situação.

O prospeto do aumento de capital do BES, de maio passado, deu a conhecer uma série de problemas financeiros com que então o banco se confrontava.

Lembra a CMVM que a sua intervenção se limita a aprovar o prospeto e  verificar que esse documento contém toda a informação adequada e refere  que, quando foi ao parlamento, a 24 de julho passado, Carlos Tavares "teve  oportunidade de (..) alertar para a iminência de nova informação" sobre  o BES a sair com as contas semestrais, "como veio a acontecer". 

O BES apresentou prejuízos históricos de quase 3,6 mil milhões de euros no primeiro semestre de 2014.

O regulador dos mercados financeiros refere ainda na mesma nota que  na, "sua missão de defesa dos investidores", "prestará aos clientes de serviços  de investimento informação que seja pertinente" e garante que atuará no  sentido de que todos os "direitos e compromissos assumidos perante esses  clientes sejam salvaguardados e honrados". 

Quanto aos detentores de unidades de participação em fundos de investimento,  a CMVM adianta que será divulgada no seu portal informação sobre as respetivas  carteiras à data de 31 de julho, o que permitirá a esses investidores "avaliar a exposição das suas carteiras ao BES e ao GES e a sua evolução no último  mês".  

O BES, tal como era conhecido, foi extinto este fim de semana. O Banco  de Portugal tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo  e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num  'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos num 'banco  mau' ('bad bank'), cujos custos serão assumidos pelos acionistas e credores  de dívida subordinada do BES.

Lusa

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