Queda do BES

Ricardo Salgado diz que principais acionistas do BES terão menos influência na gestão 

O presidente do BES disse hoje à Lusa que os  principais acionistas do banco, a ESFG e o Crédit Agrícole, terão menor  influência na gestão e considerou que o recente aumento de capital demonstra  a confiança dos investidores.  

(Lusa/Arquivo)
JOAO RELVAS

Em declarações à Lusa, o presidente executivo do BES, Ricardo Salgado,  afirmou que o recente aumento de capital foi o de "maior sucesso" face aos  nove anteriores já realizados, o que "mostra a confiança que o Banco Espírito  Santo tem no mercado nacional e no mercado internacional". 

Sobre alterações de participações dos principais acionistas, tal como  tinha sido anunciado, a Espírito Santo Financial Group (ESFG) passou de  27,36 para 25% e o francês Crédit Agricole de 20,12% para 15%. Além disso,  o brasileiro Bradesco passou de 4,8% para 3,91%, enquanto a Portugal Telecom  manteve os 2,1%. 

"Este núcleo de acionistas tinha 54,5% e passa a 46%. Há aqui uma mudança  substantiva", disse Ricardo Salgado. 

Questionado sobre o impacto na gestão do banco, o presidente do BES  disse que "há uma evolução da gestão anterior para uma influência menor  na gestão dos acionistas de referência", referindo-se ao ESFG e ao Crédit  Agricole, recordando que esses acionistas já ficaram com uma "posição francamente  menor" no BES quando terminaram com a 'holding' BESPAR e passaram a deter  participações diretas no banco.  

Além disso, disse Salgado, a supervisão consolidada ao nível do BES  que deverá acontecer nos próximos meses "levará a uma evolução da gestão  normalmente". 

Já sobre se cumprirá o mandato até ao fim (termina em 2015), Ricardo  Salgado preferiu não "entrar agora nesse capítulo". 

Quanto a novos acionistas que tenham ficado com uma posição de relevo  no banco após este aumento de capital, afirmou que "há com certeza novos  institucionais", mas que não está para já "em condições de dar detalhes".

O presidente do BES referiu que, para este aumento de capital, foram  "visitados 150 investidores em 21 cidades, entre os quais 80 do Reino Unido,  Irlanda e norte-americanos e 70 do continente europeu" e que "nas ilhas  anglo-saxónicas e os Estados Unidos aparece um número francamente mais significativo  do que na Europa continental". 

Ricardo Salgado garantiu ainda, em resposta à Lusa, que as notícias  das últimas semanas acerca do grupo Espírito Santo não penalizaram os depósitos  do BES, assegurando que "os recursos continuaram a crescer bastante bem".

Sobre a reestruturação por que está a passar o grupo, Ricardo Salgado  disse que, após esta etapa do aumento de capital do BES, serão abordados  "os acionistas minoritários da ESFG para lhes propor a recompra das ações,  numa modalidade a estudar" e que depois será realizado um novo aumento de  capital, desta feita na Rioforte de cerca de mil milhões de euros. 

A Rioforte (que hoje detém a área não financeira) passará a ser a 'holding'  central do grupo espírito Santo, ficando sob a sua alçada a parte financeira  (BES, BES Investimento e seguradora Tranquilidade, hoje na alçada do ESFG  - Espírito Santo Financial Group), assim como as áreas não financeiras.

Questionado sobre se a ESFG será tirada de bolsa, Salgado respondeu:  "Não diria que é esse o objetivo, o objetivo é propor aos acionistas a recompra  das ações, depois veremos como decidem", disse. 

O aumento de capital do BES, de 1.045 milhões de euros, foi totalmente  subscrito com a procura a superar a oferta, começando as novas ações a negociar  a 17 de junho. O objetivo da operação foi reforçar os rácios de capital  do banco, que será um dos bancos portugueses submetido aos testes de 'stress'  do Banco Central Europeu. 

Lusa

     

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